CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 67
precursora desenvolvida por Ander-
berg (1978b)
apud
Purkiss (1996)
5
, po-
pularmente conhecida como “Método
dos 500ºC”, especificamente com as
premissas adotadas na aplicação do
método, concernente ao desprezo (ex-
clusão) de regiões periféricas da seção
transversal (Fig. 5).
4.3 Propriedades mecânicas
residuais do aço
No total, quatro amostras foram
extraídas manualmente com compri-
mentos úteis equivalentes a 60cm (para
cada amostra de barra de aço), através
de prospecção superficial com auxílio
de marreta, ponteiro, talhadeira e disco
de corte especial para aço, sendo duas
na região das arestas (longitudinais) e
duas na região das faces (estribos). Para
efeito comparativo, foi extraída também
a amostra de uma barra longitudinal da
região oposta ao fogo (protegida pela
alvenaria de fechamento do forno), a
qual foi identificada como “amostra de
referência”. Exemplos de amostras ex-
traídas podem ser observados na Fig. 6.
Os ensaios de tração nas amostras
de barras de aço extraídas foram reali-
zados no Laboratório de Equipamentos
Mecânicos e Estruturas (LEME) do IPT
em uma Máquina Universal de Ensaios
tipo 03 (M.U.E. 03), fabricada pela Al-
fred J. Amsler & Co e os resultados po-
dem ser observados na Tabela 2.
De acordo com os dados obtidos
nos ensaios (Tabela 2) foi possível ob-
servar que as barras de aço longitudinais
(ø 16mm), alocadas nas arestas do pi-
lar, após resfriamento lento “ao ar”, so-
freram em média uma redução de sua
resistência à tração da ordem de 25%,
embora a tensão de escoamento tenha
reduzido em aproximadamente 45%,
quando comparadas com a amostra de
referência. No caso do centro das faces
(armadura transversal ø 8mm), observa-
-se uma redução bem menor, da ordem
de 10% na resistência à tração e da or-
dem de 25% no valor da tensão de esco-
amento. Os resultados obtidos, possuem
boa correlação com outros trabalhos
experimentais
5,6
, que são unânimes em
apontar que as propriedades residuais de
aços submetidos a temperaturas acima
de aproximadamente 550ºC sofrem per-
das irreversíveis e que a partir dos 700ºC
essas se tornam bem mais evidentes,
podendo superar perdas de 30%. Pes-
quisadores
6
destacam, também, que
quanto menor o diâmetro da barra, me-
nor a magnitude de redução, sendo a
redução mecânica mais evidente para
barras de aço com maiores diâmetros,
principalmente, quando as amostras são
“resfriadas ao ar”. O sumário de cores
da Fig. 7 indica o local das extrações
em comparação com as estimativas de
temperatura e as reduções de resistência
mecânica à tração do aço.
Observa-se, também, que os pa-
tamares de redução da tensão de
escoamento das barras de aço amos-
tradas, em virtude das altas temperatu-
ras procedentes da exposição ao fogo,
acompanham os valores de redução
mecânica da resistência à tração, sendo
válidas as mesmas observações referi-
das sobre os diâmetros das armaduras.
Os patamares mais significativos da re-
dução da tensão de escoamento do aço,
observados na Tabela 2 (da ordem 45%
para amostras de barras longitudinais
u
Figura 5
Redução da seção transversal em função da resistência mecânica
residual à compressão aferida posteriormente ao ensaio de simulação
de incêndio (situação hipotética)
70 cm
59 cm
59 cm
70 cm
u
Figura 6
Detalhe das amostras de barras de aço extraídas
(longitudinais e transversais)