62 | CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018
u
encontros e notícias |
CURSOS
mercad naci nal
Construção: o pior ficou para trás
A
s pesquisas de atividade di-
vulgadas ao longo de 2017
trouxeram boas notícias: a
economia brasileira voltou a crescer,
configurando o fim de uma das piores
recessões do país.
Em março, o número anunciado
pelo IBGE para o PIB brasileiro de 2017
confirmou o fim da crise ao apontar que
o crescimento alcançou 1,0%. Pela óti-
ca da oferta, dois setores econômicos
– Agropecuária e Serviços – tiveram ex-
pansão quando se compara com 2016,
de 13,0% e 0,3%, nessa ordem e a In-
dústria, depois de três anos seguidos de
retração, manteve-se estável.
O desempenho excepcional da agro-
pecuária foi fundamental para permitir que
a aceleração da atividade não pressionas-
se a inflação, que encerrou 2017 abaixo
de 3%, ou seja, no menor patamar desde
1998. Mas o setor de serviços, que repre-
senta mais de 60% do PIB brasileiro, ala-
vancado pelo consumo das famílias, foi a
força determinante para o fim da recessão.
Vale destacar que a estabilidade da
indústria é resultado de um desempenho
bastante desigual de seus segmentos:
enquanto a indústria extrativa teve au-
mento de 4,3%, a construção registrou
queda de 5%.
1. CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção foi a atividade eco-
nômica com pior desempenho no ano
passado, e que “roubou” força da recu-
peração. Em outras palavras, o aumento
do consumo das famílias não foi acom-
panhado pelo investimento, o que cer-
tamente não é um cenário sustentável
para a retomada do crescimento.Com a
queda de 5% em 2017, o setor da cons-
trução terá encolhido 20% em 4 anos!
É importante observar que a queda
PIB setorial em 2017 decorreu em maior
medida da redução da atividade formal,
ou ainda, das obras realizadas pelas
empresas formalmente constituídas. As
obras e as pequenas reformas realiza-
das pelas próprias famílias ou por pe-
quenos empreiteiros foram favorecidas
pelas medidas de estímulo ao consumo,
como a liberação dos recursos das con-
tas inativas do FGTS. A queda na taxa
de inflação também favoreceu o consu-
mo. O aumento das vendas do comér-
cio varejista de materiais de construção
em 2017, que chegou a 9,2%, reflete a
discrepância do desempenho entre as
duas partes do setor.
Por outro lado, as restrições na oferta
do crédito imobiliário e a retração severa
do investimento público não permitiram a
recuperação da atividade formal. O em-
prego com carteira refletiu o cenário de
declínio que afetou todos os segmentos.
A despeito dos números acumula-
dos mostrarem um quadro muito negati-
vo no setor, alguns indicadores também
começaram a mudar para o segmento
formal da construção no segundo se-
mestre, mostrando um movimento de
“despiora” na atividade.
De fato, a Sondagem da Constru-
ção da FGV realizada com empresários
de todo o país registrou uma melhora
gradativa do ambiente de negócios das
empresas ao longo do ano. O Índice de
Confiança empresarial (ICST) teve alta de
9,2 pontos, retornando ao patamar do iní-
cio de 2015.
O índice tem dois componentes, o
indicador que capta a percepção em re-
lação ao ambiente corrente de negócios
(Índice de Situação Atual – ISA-CST) e o
que capta a percepção em relação a de-
manda e tendência futura dos negócios
ANA MARIA CASTELO – C
oordenadora
de
P
rojetos
F
undação
G
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argas
| I
nstituto
B
rasileiro
de
E
conomia
(FGV/IBRE)
u
Figura 1
PIB, taxa de crescimento acumulada em 2017 (%)
Fonte:
IBGE
13,0
4,3
1,7
0,9
-5,0
0,3
1,0
-6,0
-4,0
-2,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
Agropecuária Ind. extrativas
Ind. de
transformação
Eletricidade e
gás, água,
esgoto, ativ. de
gestão de
resíduos
Construção
Serviços
PIB