Revista Concreto & Construções - edição 89 - page 56

56 | CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018
as quais adotam o conceito de mobili-
dade em sua concepção. Os impactos
em emissões de CO
2
dessas formula-
ções são apresentados na Figura 10 (b),
em função da resistência à compressão
das composições.
Essa tecnologia deverá permitir
não apenas a formulação de con-
cretos com baixas emissões de CO
2
associadas ao seu ciclo de vida, mas
também um controle muito avançado
do desempenho do produto, razão
do acrônimo
LEAP
Low-Emission
Advanced Performan
ce”. O teor de
fíler influência a porosidade do con-
creto, e por consequência, a retra-
ção por secagem e a fluência para
um mesmo volume de pasta. O mó-
dulo de elasticidade se torna menos
dependente da resistência mecâni-
ca, pois é possível manter o volume
de agregados constante e elevado.
Apesar da redução do teor de ligante
afetar a reserva alcalina, o que ten-
de a acelerar a carbonatação, esses
concretos apresentam menor porosi-
dade total, mantida a resistência, e
menor volume de pasta, o que tende
a compensar a redução da reserva
alcalina. Em aplicações nas quais
não existe necessidade de proteção
de armaduras, a maior velocidade de
carbonatação é uma vantagem, pois
os produtos capturam CO
2
atmosfé-
rico, colaborando com a mitigação
de emissão de CO
2
.
3. TECNOLOGIA
LEAP
EM
CENTRAIS DE CONCRETO
A tecnologia
LEAP
é resultado de
um processo de racionalização e uso
de uma maior quantidade de informa-
ções no processo de formulação, mas
não depende de materiais especiais
para ser implementada. A Figura 11
apresenta imagens de uma concreta-
gem de um concreto LEAP bombeá-
vel, formulado com materiais comuns
de uma central de concretos em São
Paulo, acrescido de um fíler transpor-
tado em caminhão betoneira e lançado
em uma obra na mesma cidade. Toda
a operação foi tratada como um teste
de campo que, obrigatoriamente, se
utilizaria de toda a tecnologia conven-
cional. O projeto de granulometria, a
seleção do tipo e do teor do fíler e a
estratégia de dispersão foram imple-
mentados na lógica de maximização
de IPS, visando obter um concreto
convencional
LEAP
. A formulação
atendeu à ABNT NBR 6118 e ABNT
NBR 12655, atingindo o valor de 4,5
kg.m
-3
.MPa
-1
como índice de ligantes.
O emprego da abordagem microes-
trutural por meio do controle de MPT e
IPS associados à garantia de dispersão
nos finos responde pela robustez dos
concretos LEAP em escala comercial,
zelando por sua eficiência ambiental. A
Figura 12 apresenta os valores do índi-
ce de ligantes de uma classe de con-
cretos, produzidos com lotes diferentes
de materiais, conforme empregados
em uma central dosadora. Compa-
rando-se com a Figura 10(a), todos os
lotes apresentaram excelente grau de
ecoeficiência, demonstrando a com-
patibilidade dessa tecnologia com as
centrais dosadoras existentes no país.
4. DESAFIOS DA TECNOLOGIA
A tecnologia
LEAP
está em desen-
volvimento e os benefícios econômi-
cos e ambientais dela dependem da
superação de barreiras tecnológicas
e de mercado. Do ponto de vista da
pesquisa, os desafios estão relacio-
nados a uma melhor compreensão de
como controlar e projetar formulações
considerando o desempenho global ao
longo da vida útil. O desenvolvimento
de técnicas de caracterização de li-
gantes, fíleres e agregados que sejam
mais completas e diretamente relacio-
nadas com o desempenho durante
a aplicação e o uso é também funda-
mental. Observa-se aqui que muitas
das técnicas de controle de qualidade
utilizadas são centenárias, particular-
mente em agregados. Técnicas de
processamento têm sido tradicional-
mente negligenciadas pela comunida-
de, mas têm um grande potencial em
trazer ainda mais benefícios. No campo
do controle reológico, por exemplo, a
aplicação de reometria rotacional em
pastas e concretos (Figura 13) é um
avanço substancial, embora ainda não
esgote a necessidade de caracteriza-
ção mais global da trabalhabilidade.
Do ponto de vista do mercado,
u
Figura 12
Intensidades de ligantes (IL) obtidas em concretos produzidos em
condições de variabilidade de matérias-primas encontradas em central
de concreto comercial
1...,46,47,48,49,50,51,52,53,54,55 57,58,59,60,61,62,63,64,65,66,...100
Powered by FlippingBook