Revista Concreto & Construções - edição 89 - page 63

CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 63
(Índice de Expectativas – IE-CST). Tanto
o IE quanto o ISA tiveram elevação, mas
em ritmos diferentes. Na verdade, as ex-
pectativas avançaram muito mais. O ISA
não acompanhou. Isso significa que a
perspectiva de melhora da atividade não
ocorreu como esperado pelos empresá-
rios. A Figura 3 mostra a “boca de jacaré”
– diferença entre a evolução dos dois índi-
ces - aumentando no ano passado.
O pior momento da atividade ocorreu
em maio de 2016. Entre dezembro de
2012 e maio de 2016, o ISA caiu mais de
40 pontos. Assim, o aumento observado
no ano passado parece irrelevante, mas
ele aponta uma percepção dominante de
que o pior ficou para trás. Pode-se notar
como nos últimos meses de 2017, o ISA
começou a avançar em ritmo mais forte.
Diversos fatores podem explicar essa
percepção mais positiva da atividade. As
contratações realizadas pelo Minha Casa
Minha Vida, por exemplo, ganharam ve-
locidade no segundo semestre de 2017.
O mercado imobiliário voltado para a mé-
dia renda também registrou aumento das
vendas e dos lançamentos. Mas quando
essa melhora irá repercutir efetivamente
nos indicadores de emprego?
A construção tem um ciclo próprio,
mais longo, que determina que o efeito
sobre o emprego seja mais demorado.
No entanto, a Sondagem de janeiro mos-
trou que a proporção de empresas rela-
tando diminuição do quadro de pessoal
nos meses seguintes caiu de 26,2%, em
dezembro, para 18,8%; enquanto isso, a
parcela das que reportaram projeção de
aumento passou de 14,2% para 18,3%.
Assim, o saldo chegou ao melhor patamar
desde agosto de 2014 (2,8 pontos). Sem
dúvida, um sinal inequívoco de melhora do
ambiente de negócios das empresas.
É importante notar que a perspectiva
de um crescimento maior da economia
em 2018, de 2,9%
1
– projeção fortale-
cida pelos resultados do último trimes-
tre de 2017 – também contribui positi-
vamente sobre o ânimo do empresário
da construção. Por outro lado, não se
pode subestimar o efeito das incertezas
no plano político, que continuam eleva-
das, e da questão fiscal não resolvida,
impedindo a retomada de muitos planos
de investimentos.
Assim, no todo, o cenário que se de-
senha, embora longe do período de “cres-
cimento chinês” observado entre 2007 e
2013, permite uma projeção positiva para
o PIB da construção em 2018 de 1,1%.
O resultado sequer recupera a retração
de 2017. Na verdade, nesse ritmo, o setor
levará mais de quinze anos para voltar ao
patamar anterior à crise. Enfim, as indefini-
ções e incertezas não permitem assegurar
o início de um novo ciclo de crescimento,
no entanto, o ano começa, definitivamen-
te de forma mais promissora!
u
Figura 2
Emprego com carteira na construção, Brasil – Taxa acumulada em 2017
Fonte:
MTE/Caged, SindusCon-SP – FGV
-13,8%
-11,4%
-10,5%
-10,2%
-9,3%
-8,9%
-8,6%
-7,8%
-5,7%
-16,0% -14,0% -12,0% -10,0% -8,0% -6,0% -4,0% -2,0% 0,0%
Imobiliário
Obras de acabamento
Total
Preparação de terrenos
Outros serviços
Infraestrutura
Obras de instalação
Incorporação de imóveis
Serviços de engenharia
u
Figura 3
Setor da construção – dados dessazonalizados – indicadores
padronizados (em pontos)
Fonte:
Sondagem da Construção, FGV/IBRE
60,0
65,0
70,0
75,0
80,0
85,0
90,0
95,0
100,0
105,0
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dez/16
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abr/17
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ago/17
out/17
dez/17
ISA-CST
IE-CST
1
P
rojeção
do
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da
FGV IBRE
1...,53,54,55,56,57,58,59,60,61,62 64,65,66,67,68,69,70,71,72,73,...100
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