CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 69
As Amostras 04 e 05 (aresta intac-
ta e película superficial), ambas com
coloração laranja, se destacaram por
possuir uma mineralogia diferenciada,
principalmente, por sintéticos neofor-
mados similares aos minerais akerma-
nita e wollastonita (Fig. 8). Observa-se
que a presença desses compostos
sintéticos, formados por sinterização,
na região mais exposta ao fogo (cor
alaranjada), pode indicar a presença
de elevadas temperaturas, superiores
a 900ºC, necessárias para promover
o surgimento desses minerais anidros
a partir dos compostos hidratados
8,9
.
Nessas amostras nota-se, também,
a presença de magnetita (Fe
3
O
4
), em
substituição a hematita (Fe
2
O
3
).
Por sua vez, percebeu-se que as
análises térmicas contribuíram poten-
cialmente para indicar a real extensão
da degradação do concreto, que foi
muito mais evidente através da verifica-
ção da perda de massa nas amostras.
Foi possível constatar que as amostras
situadas na parte mais periférica do
pilar protótipo perderam valores bem
menos significativos de massa em re-
lação à parte que manteve a coloração
vermelha original. Na parte escura (ne-
gra) obteve-se uma perda de massa
total da ordem de 6% e na parte laranja
(região da aresta) uma perda de massa
total de somente 0,67%. Os teores de
portlandita também sofreram reduções
significativas nessas regiões, sendo nu-
los no caso das amostras extraídas da
região das arestas (coloração laranja) e
de 3% na região escura. Como base
comparativa, a amostra extraída da
parte que manteve a coloração verme-
lha teve uma perda de massa total da
ordem de 12% e um teor identificado
de portlandita da ordem de 9% (mesmo
teor encontrado na amostra remanes-
cente de referência que não foi exposta
ao fogo), o que indicou a presença de
compostos ainda hidratados nessas re-
giões (Fig. 9).
5. CONCLUSÕES
1. Independentemente dos ensaios
para determinação da resistência
mecânica à compressão dos teste-
munhos extraídos, já seria possível
inferir, somente pelo índice colori-
métrico, que a região do pilar onde
conservou sua coloração averme-
lhada original praticamente não
sofreu alterações significativas em
suas propriedades mecânicas;
2. No caso da resistência mecânica
residual à compressão do concreto
exposto ao fogo, nota-se uma ex-
celente correlação com as tempera-
turas mensuradas pelos termopares,
u
Figura 8
Difratogramas das amostras 4 e 5: aresta intacta e película superficial – região alaranjada
(com exposição ao fogo)
u
Figura 9
Perdas de massa constatadas nas análises térmicas residuais e teores
de portlandita
70 cm
70 cm
Perda de massa na parte laranja: 0,67%.
Teor de portlandita identificado: 0% (nulo)
Perda de massa na parte
escura (negra): 6%.
Teor de portlandita identificado: 3%
Perda de massa na parte
vermelha (referência): 12%.
Teor de portlandita identificado: 9%