76 | CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018
com armadura protendida e reforça-
do com fibras de polipropileno (GIL et
al., 2017). Os painéis com dimensões
315x100x10cm foram justapostos
para preencher um vão com largura
de 315 cm e altura de 300 cm, todos
empregando o mesmo traço de con-
creto, com resistência característica
à compressão de 30 MPa. Os painéis
de concreto reforçados com fibras de
polipropileno tinham como armadura
convencional uma malha de aço com
espessura de cobrimento de 20 cm em
sua face exposta ao fogo e espessura
de cobrimento de 25 mm em sua face
não exposta ao fogo. Foram adiciona-
das 3 kg/m³ de fibra de polipropileno
na mistura de concreto. Cada placa
de concreto protendido foi produzida
com 6 barras de diâmetro 12.5 mm,
distribuídas no sentido de maior com-
primento da placa. As amostras foram
submetidas ao programa térmico pa-
dronizado aos 28 dias de idade pelo
período 4 horas e o aspecto final de
cada tipo de painel pode ser verificado
na Tabela 1.
Os painéis em concreto protendido
exibiram menor desempenho quando
expostos a altas temperaturas, porque
não cumpriram o requisito mínimo de
estabilidade. O desplacamento do con-
creto em toda a seção transversal foi
observado 18 minutos após o início do
teste. Os painéis de concreto armado
convencional atingiram requisitos ade-
quados de estabilidade e integridade
durante 240 minutos, falhando no cri-
tério de isolação térmica aos 210 minu-
tos. O desplacamento do concreto foi
registrado uniformemente na superfície
do painel inferior. Os painéis reforçados
com fibras de polipropileno mantiveram
sua integridade, conforme apresenta-
do na literatura. A amostra analisada
alcançou requisitos de estabilidade e
integridade por 240 minutos. No en-
tanto, a amostra falhou no critério de
isolamento térmico 140 minutos após
o início do teste. O desplacamento do
concreto foi registrado em pontos isola-
dos e no nível mais baixo.
A liberação de água e ruídos por
desplacamento dos painéis armado
e protendido ocorreram cerca de 20
minutos após o início do ensaio, con-
forme caracterizado pela literatura para
ocorrência do fenômeno. Contudo,
observou-se que o uso de reforço (com
e sem tensão) e a presença de fibras
de polipropileno tiveram uma influência
significativa na ocorrência do desplaca-
mento do concreto. Os painéis reforça-
dos com fibras não apresentaram des-
placamento do concreto, atendendo
aos critérios normativos por um perío-
do mais longo, determinado pelo crité-
rio de isolamento térmico. Verificou-se
ainda que o selante elastomérico usado
para selar as juntas deteriorou-se, po-
rém sem prejudicar o comportamento e
o desempenho dos sistemas.
2.4 Estudo em painéis de concreto
armado – influência do tempo
de cura
Visando comparar a influência do
teor de umidade na resistência ao
fogo de painéis de concreto, foram en-
saiadas amostras com 7, 14, 28, 56
e 84 dias de cura, submetidas à cura
ambiente (MOREIRA, 2016). Cada
amostra consistiu em três painéis com
dimensões de 100 x 315 x 10 cm, uni-
das e seladas com selante resistente
ao fogo. O concreto utilizado possuía
resistência à compressão de 37,8 MPa
aos 7 dias; 43,5 MPa aos 14 dias; 59,9
MPa aos 28 dias; 70,8 MPa aos 56
dias e 75 MPa aos 84 dias. O reforço
dos painéis foi composto de barras de
diâmetro de 5 mm e 8 mm, com cobri-
mento de 46 mm.
u
Tabela 1 – Verificação da influência do tipo de reforço na resistência ao fogo
de painéis de concreto
Tipo de painel
Painel de concreto armado
Painel de concreto armado
reforçado com fibras
poliméricas
Painel de concreto
protendido