82 | CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018
1
E
também
,
pelo
já
clássico
livro
de
D. G
oldenberg
e
M. S
ommervile
, A
whole
new
E
ngineer
(D
ouglas
: T
reejoy
: 2014)
experimentar e, por via de conse-
quência, errar. E errar muito não é
má ideia. É a chance de entender
em maior profundidade. A tolerância
diante do erro faz parte da profissão.
Obviamente, não é na construção da
imensa ponte que se defende o direito
de errar. É no processo de aprender.
Outro princípio mais do que cen-
tral no aprendizado é a contextuali-
zação. De uma forma ou de outra, os
bons professores sempre mostraram
as ideias novas no bojo de outras já
familiares aos alunos. Esta boa prática
foi confirmada por ampla pesquisa, de-
monstrando que quando se aproxima a
ideia nova do que o aluno já conhece,
o nível de aprendizado é bem superior.
Uma coisa é decorar uma fór-
mula. Outra coisa é entender o que
realmente ela quer dizer, como for-
mulação sintética de uma teoria re-
lacionando algumas variáveis. Há
inúmeras maneiras de contextualizar,
para que a lei seja realmente apren-
dida e não apenas memorizada. Por
exemplo, contando histórias, usando
metáforas, analogias ou através de
problemas e projetos.
Um dos fracassos mais conhe-
cidos nos cursos de Engenharia é
a altíssima reprovação na disciplina
de Cálculo I. De fato, pode chegar a
50%. Mas a razão é simples, o cálculo
não é contextualizado. Os professo-
res não explicam para que serve cada
conceito ou como pode ser aplicado
no mundo real.
Felizmente, há bons exemplos de
inovação por aí. Devemos considerar
quatro direções que está tomando o
novo ensino de engenharia.
1 –
O uso do método indutivo
, subs-
tituindo a tradição dedutiva fran-
cesa. Tudo começa com um pro-
blema real.
2 –
Aplicação antes de aprender a
teoria
. O problema real desperta
interesse e a busca de uma solu-
ção, ainda que trôpega, prepara
a cabeça para entender a teoria.
3 –
O que se ensina será contextu-
alizado
. Como já foi dito, o novo
precisa ser mostrado em uma si-
tuação real e familiar para o aluno.
4 – Mão na massa!
Obviamente, o dito acima não pas-
sa de um resumo curto das falhas e
das boas práticas no ensino de Enge-
nharia. Mas pelo menos, dá uma ideia
dos principais culpados pelos maus
resultados, bem como aponta para
novos rumos e estratégias de ensino.
5. REPENSANDO A ENGENHARIA
E SEUS CURSOS
Grandes cabeças estão hoje ten-
tando repensar os cursos de Enge-
nharia. O exemplo mais destacado é
o
Olin Institute
, cujo curso foi criado
do zero e concebido por um time ex-
cepcional de figurantes. A Universida-
de de Illinois adotou o modelo do Olin
e imagina-se que Olin será imitado
múltiplas vezes, pois foi criado com
esta intenção. As grandes universida-
des americanas experimentam tam-
bém em outras linhas. A Inglaterra se
revela talvez como o maior laboratório
de experimentos em novos modelos
de cursos de Engenharia.
No Brasil, ainda que tardiamente,
instituições como a Politécnica da
USP, o ITA e o IME formulam progra-
mas ambiciosos de reformulação dos
seus cursos. E resta lembrar o Insper
que criou um curso com assessoria
direta de Olin. Diante deste início de
movimentação, outras instituições co
meçam a repensar seus cursos. O mo-
mento é interessante.
Vale a pena tentar rascunhar os
novos rumos pensados para o ensino
da Engenharia. O que está dito adian-
te foi fortemente inspirado por um en-
contro no ITA, no qual grandes figuras
do ensino da Engenharia, brasileiros
e estrangeiros, discutiram o assunto
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