Revista Concreto & Construções - edição 89 - page 79

CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 79
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encontros e notícias |
CURSOS
seção esp cial: ensino e aprendizado na engenharia civil
O ensino de Engenharia
passado a limpo
C
omo é possível que uma
profissão cujo papel é
construir o novo mundo
possa ficar tão atrasada na prepara-
ção dos futuros engenheiros, a quem
caberá esta tarefa? Esse é o tema do
presente ensaio.
Revisitamos a evolução do ensino
da Engenharia, incluindo o Brasil. Em
seguida, considerando a inteligência
das mãos, pregamos um ensino mais
prático e literalmente, com a mão na
massa. Diante deste desafio, revisa-
mos as velhas e as novas maneiras de
se conduzir uma sala de aula. Final-
mente, tentamos alinhavar as novas
tendências no ensino, inauguradas
em algumas instituições de ponta.
1. NASCIMENTO E EVOLUÇÃO
DO ENSINO DE ENGENHARIA
O ensino para as carreiras cientí-
ficas tem uma longa história e pouca
mudança. A maneira de se ensinar Fí-
sica ou Biologia é mais ou menos a
mesma que se observava em séculos
pretéritos. Simplificando, é aula teóri-
ca e laboratório.
Mas certas carreiras profissionais,
cujo ensino é mais recente, encon-
tram uma escolha difícil de enfrentar,
pois têm um lado teórico distante de
um outro prático. O que é rabiscado
no quadro negro é uma imagem es-
maecida do mundo real. É árduo o
desafio de combinar os dois?
Os médicos que conhecemos são
o produto de um cruzamento que se
deu no século XIX. Intelectuais que
nem sequer tocavam nos pacientes
fundiram-se com os barbeiros que
eram também cirurgiões. Surpreen-
dentemente, conseguiu-se uma ex-
celente harmonia entre o ensino das
teorias e a clínica médica. De fato, é
o único curso profissional em que os
dois lados convivem bem.
Em que pese esta proeza do ensino
médico, a convivência do ensino das
teorias com o desempenho na práti-
ca sempre foi o calcanhar de Aquiles
do ensino das profissões. A Adminis-
tração de Empresas é um caso clás-
sico. Busca preparar pessoas para a
prática, mas seu ensino se refugia na
exposição de teorias e pseudoteorias.
De prática, quase nada.
A Engenharia é um caso muito
mais convoluto. Faz pouco mais de
um século, muitos dos engenheiros
não eram mais do que mecânicos
práticos. A grande revolução se dá ao
início do século XIX, com a fundação
da
École Polytechnique
, que vai para
o extremo oposto, pois foi fundada
por cientistas. Cria-se então um curso
com muita ciência, muita Matemática,
atividades em laboratórios e quase
nada de prática. Os polos da prática
sem teoria e da teoria sem prática são
os casos extremos dos muitos mode-
los de engenharia atuais.
CLAUDIO DE MOURA CASTRO – A
ssessor
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