CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 61
que estruturas reforçadas com macro-
fibras poliméricas devem ser avaliadas
com maior rigor para a condição de in-
cêndio, como seria o caso de uma laje
elevada de edifício, por exemplo.
5. CONCLUSÕES
Neste artigo foram apresentados
os principais efeitos da temperatura
em concretos reforçados com fibras
de aço e macrofibras poliméricas. Os
efeitos da temperatura na matriz ci-
mentícia, nos agregados, no reforço
fibroso e interface com a matriz, e, por
fim, no compósito como um todo. As
principais conclusões que podem ser
verificadas neste artigo são:
u
O aumento da temperatura produz
significativas alterações na compo-
sição química e microestrutura da
pasta de cimento Portland endu-
recida; além disso, processos de
transição cristalina de alguns mine-
rais presentes nos agregados (ex:
quartzo), associados com even-
tos de expansão-retração, podem
causar microfissuração na matriz
cimentícia e no próprio agregado,
afetando, assim, as propriedades
mecânicas globais do compósito;
u
Fibras de aço encruado podem
perder encruamento com a exposi-
ção a elevadas temperaturas, afe-
tando diretamente as propriedades
de resistência e ductilidade da fibra,
e alterando as propriedades e o
comportamento do compósito;
u
Macrofibras poliméricas são afe-
tadas com maior intensidade pe-
las elevadas temperaturas, uma
vez que o grau de cristalinidade é
afetado diretamente pelas cargas
térmicas, além de estarem sujeitas
à fusão e degradação em baixas
temperaturas, podendo compro-
meter o reforço estrutural; no caso
de concretos reforçados com ma-
crofibras poliméricas, a capacidade
do CRF de suportar esforços de
compressão, tração e, principal-
mente, a resistência pós-fissuração
são consideravelmente reduzidas
acima dos 400°C;
u
Avaliações qualitativas da interface
entre fibra e matriz cimentícia atra-
vés de imagens de microscopia po-
dem ser encontradas na literatura;
entretanto, a dinâmica de interação
fibra-matriz quanto à carga de ar-
rancamento e energia absorvida
tem se restringido a concretos em
condições normais de temperatura,
evidenciando a lacuna técnico-cien-
tífica nesta área do conhecimento;
u
Após a exposição à elevada tempe-
ratura, concretos reforçados com
fibra de aço apresentam menores
perdas na resposta pós-pico, con-
cretos reforçados com macrofibras
poliméricas apresentam um acen-
tuado grau de degradação das fi-
bras, gerando grandes perdas na
resposta carga-deformação quan-
do solicitado à flexão.
u
Figura 4
Curvas médias de carga por
deslocamentos obtidos no
ensaio de duplo puncionamento
(ensaio Barcelona) do concreto
reforçado com macrofibras
poliméricas a distintos níveis de
temperatura (adaptado de [6])
[1] DEHN, F.; HERRMANN, A. Concreto reforçado com fibra de aço (SFRC) em situação de incêndio – requisitos normativos, pré-normativos e código-modelo. Concreto
& Construções, 2017, p. 108-112.
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u
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