Revista Concreto & Construções - edição 89 - page 52

52 | CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018
alto impacto ambiental necessária
para formular produtos.
Avanços no conhecimento sobre
empacotamento, novas tecnologias
de caracterização de partículas para
seleção de materiais mais adequa-
dos e o surgimento de dispersan-
tes e outros aditivos, permitem uma
redução de até 50% na quantidade
de água necessária, mantendo pro-
priedades reológicas adequadas,
quando comparada à tecnologia tra-
dicional. A porosidade final de um
produto cimentício endurecido é em
grande parte associada ao volume
de água no estado fresco para obter
a trabalhabilidade desejada, descon-
tada a água fixada na hidratação.
Dependendo do projeto de gra-
nulometrias, das propriedades das
matérias-primas e da eficiência na
dispersão, é possível reduzir a quan-
tidade de água a ponto de compen-
sar a diluição do clínquer ocasionada
pela introdução de fíleres. Isso de-
corre do fato da resistência final de
um produto cimentício ser em grande
parte associada à sua porosidade no
estado endurecido. Por esta razão,
não existe qualquer correlação di-
reta entre o teor de substituição de
ligantes por fíler e a resistência do
concreto (Figura 4). Caso a taxa de
redução de água seja superior à taxa
de redução de ligantes, a resistência
deverá crescer, apesar da redução
do teor de ligantes totais (DAMINELI,
2013; JOHN et al., 2017).
A tecnologia LEAP envolve a oti-
mização de formulações na escala
pasta e agregados, para garantir a
desejável fluidez com o mínimo teor
de água e ligantes, mantendo os re-
quisitos de resistência mecânica e
durabilidade. Essa otimização utili-
zando conceitos de empacotamento
não é uma estratégia nova. Contudo,
sistemas cimentícios com menores
teores de água tendem a ter compor-
tamento reológico mais complexo,
algo que é acentuado em processos
de produção e aplicação de produ-
tos cimentícios.
Do ponto de vista industrial, para
tornar essa abordagem uma realida-
de prática, é necessário rever como
são feitos os controles de qualidade,
tanto em termos dos ensaios que são
usados como controle quanto as to-
lerâncias permissíveis, e o desenho
u
Figura 4
Influência do teor de fíler na resistência à compressão de concretos
(SCRIVENER; JOHN; GARTNER, 2016)
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
Resistência à Compressão (MPa)
Fíler (%, em massa)
u
Figura 5
Modelo microestrutural de uma suspensão cimentícia, como o
concreto, por exemplo, incluindo suas equações de cálculo de distância
de separação (ROMANO; CARDOSO; PILEGGI, 2011): MPT entre os
agregados (partículas > 100mm); IPS entre os finos
(partículas < 100mm)
MPT =
IPS =
[
[
[
[
(
(
(
(
x
x
––
––
2
VSA
g
2
VSA
1
V
Sg
1
V
S
1
1 – P
ofg
1
1 – P
of
MPT é a distância de separação entre
partículas grossas (agregados): VSA é a
g
área superficial volumétrica da fração
grossa; P é a porosidade da
ofg
distribuição das partículas grossas e V
Sg
é a concentração volumétrica dos
grossos no concreto.
IPS é a distância de separação interpartículas (mm): VSA é a área superficial
2
3
volumétrica (m /cm ), calculada a partir do produto entre a área específica
2
3
medida (m /g) e a densidade do sólido (g/cm ); V é a fração volumétrica de
S
sólidos na mistura e P é a fração de poros no sistema, quando todas as
of
partículas estão em contato na condição de máximo empacotamento.
1...,42,43,44,45,46,47,48,49,50,51 53,54,55,56,57,58,59,60,61,62,...100
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