42 | CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018
Resultados para um incêndio de 60 minutos
Armadura de 12,7 mm
Armadura de 16 mm
Fator de minoração para o momento resistente
Φ
0,882
0,882
Área efetiva de armadura vertical (A
se
)
1,471 cm²
2,826 cm²
Linha neutra da seção plastificada (a)
1,135 cm
2,182 cm
c
1,336 cm
2,568 cm
Momento de inércia da seção fissurada I
cr
226,846 cm
4
369,614 cm
4
Momento resistente (M
n
)
3,716 kNm
6,401 kNm
Momento resistente de cálculo minorado
Φ
M
n
3,277 kNm
5,646 kNm
Momento último de primeira ordem (M
1u
)
0,093 kNm
0,093 kNm
Deflexão do painel (∆)
57,33 cm
60,630 cm
Momento último de cálculo (M
u
)
5,283 kNm
5,581 kNm
u
Tabela 9 – Dimensionamento pelo método das paredes esbeltas de painel com armaduras de 12,7 mm e 16 mm exposto
a um incêndio padrão por 60 minutos
sistiria a um incêndio padrão com du-
ração de 120 min (M
u
= 5,891 kNm >
Φ
M
n
= 3,141 kNm).
6. CONCLUSÃO
As normas brasileiras ainda precisam
preencher a lacuna existente referente ao
dimensionamento de paredes de concre-
to pré-moldado com grandes índices de
esbeltez, como o caso dos painéis
Tilt-
-Up
. O projeto segundo a norma ABNT
NBR 16475:2017 [9] não pode ser apli-
cado a esse sistema construtivo, tendo
em vista que ele vale para paredes com
esbeltez menor que 32. Para o caso es-
tudado neste artigo, por exemplo, o pai-
nel possuía uma esbeltez igual a 65. Nesta
situação, recomenda-se a utilização de
códigos de projeto específicos, como o
Manual de Construção em
Tilt-Up
da TCA
[6] e o ACI 551 [5]. Já, para a verificação
da segurança dos painéis em situação de
incêndio, a aplicação desses métodos em
conjunto com o método das isotermas
de 500
o
C, como proposto neste artigo,
mostra-se como uma forma racional de se
avaliar a segurança desses painéis, tendo
em vista a lacuna ainda existente nas nor-
mas para essa verificação.
No exemplo apresentado neste arti-
go, o painel dimensionado à temperatura
ambiente pelo método das paredes es-
beltas, quando exposto a um incêndio
padrão com duração de 60 minutos, não
atendeu ao requisito de segurança em si-
tuação de incêndio. O painel teve que ser
redimensionado, o que gerou um aumen-
to de 105% na armadura de flexão do
mesmo para que o critério de segurança
fosse atendido. Quando o tempo de in-
cêndio é aumentado para 120 minutos,
esse aumento de armadura de flexão não
foi suficiente para garantir a segurança do
painel em situação de incêndio.
Segundo o método tabular da nor-
ma ABNT NBR 9062, para que um pai-
nel maciço de concreto atendesse a
um TRRF de 60 minutos, ele deveria ter
uma espessura mínima de 90 mm. Por
outro lado, um painel com 150 mm de
espessura deveria atender a um TRRF
de, pelo menos, 120 minutos. Os resul-
tados do exemplo apresentado mos-
tram que essas espessuras mínimas
são pequenas para o caso de painéis
Tilt-Up
, mostrando a necessidade de
melhorar as recomendações de proje-
to dessa norma para que ela possa ser
aplicada ao sistema construtivo com
paredes de concreto esbeltas.
Vale ressaltar que o perfil de tempe-
ratura no painel
Tilt-Up
quando subme-
tido a incêndio em uma das faces, é um
dado necessário para aplicação do mé-
todo das isotermas de 500
o
C propos-
to pelo
Eurocode
2 [7]. Contudo, esse
perfil nem sempre está disponível. Por
isso, foi utilizado o perfil de temperatu-
ra previsto no trabalho de Lim [16] para
um incêndio padrão compartimentado.
Isso pode tornar a verificação da segu-
rança desses painéis demasiadamente
conservadora quando empregados em
galpões industriais, uma vez que a cur-
va de incêndio mais apropriada seria a
de um incêndio não compartimentado,
em que as temperaturas dos gases e,
consequentemente, a dos elementos
estruturais, não são tão altas quanto
a do incêndio padrão da norma ABNT
NBR 15200:2012 [3].
7. AGRADECIMENTOS
Ao Engenheiro Civil João Alberto de
Abreu Vendramini pela disponibilização
do projeto estrutural de um galpão in-
dustrial construído com a técnica
Tilt-
-Up
e que serviu de base para a propo-
sição do caso de estudo apresentado
neste artigo.