46 | CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018
a partir de termogramas, que registram
as transformações dos constituintes
das amostras por meio de picos de re-
ação endotérmicas ou exotérmicas, em
relação a uma referência, detectadas
por diferenças de temperatura entre a
amostra e a referência, picos esses as-
sociados ou não à perda de massa.
Nos concretos, os compostos pas-
síveis dessas transformações são, em
geral, aqueles presentes na pasta endu-
recida decorrentes da hidratação/carbo-
natação do cimento, e, eventualmente,
adições, como fíler calcário, escória ou
certos materiais pozolânicos. Além dis-
so, é possível detectar a presença de
quartzo constituinte do agregado por
suas transformações alotrópicas pelo
aumento da temperatura, como tam-
bém de substâncias orgânicas, como
os aditivos redutores de água. A Figura
2 apresenta as curvas de termograma
clássico de uma amostra de concreto
endurecido, mostrando seu comporta-
mento com aumento da temperatura,
isto é, as reações de desidratação e de-
composição das fases da pasta hidrata-
da (ATD) e as perdas de massa associa-
das a essas reações (TG).
Em concretos afetados por incêndio,
a depender da temperatura alcançada,
espera-se, portanto, a ausência ou di-
minuição da intensidade dos picos de-
correntes dos hidratados de cimento,
refletindo a destruição total ou parcial ou
transformação destes materiais como
consequência das altas temperaturas.
Uma amostra de concreto não é
afetada de maneira homogênea sob as
condições de incêndio, sendo verificado
que a superfície da estrutura com face
voltada ao fogo é a mais atingida e, a de-
pender das condições, tempo e tempe-
ratura do incêndio, os danos no interior
são menores ou mesmo insignificantes
do ponto de vista da microestrutura. Por
isso, a metodologia de análise consiste
na amostragem a partir de diversas pro-
fundidades em relação à superfície. Essa
metodologia abrange o corte dos teste-
munhos com serra de disco diamantada,
porém, a depender do estado de degra-
dação, mais frequentemente essa coleta
é feita por meio de uma furadeira, que,
com o seu impacto, cominuio concreto,
gerando um pó. Esse material é coleta-
do e separado para análise e, a partir de
seus resultados, consegue-se identificar
até que profundidade o concreto foi afe-
tado pelo fogo, tornando possível avaliar
a temperatura atingida.
A Figura 3 ilustra o procedimento
de amostragem.
No laboratório da ABCP, para a rea-
lização das análises térmicas, emprega-
-se um aparelho de Labsys Evo, marca
Setaram (Figura 4), dotado de forno de
alta temperatura (até 1600 ºC), em geral
nas seguintes condições analíticas:
u
taxa de aquecimento: 10 ºC/min;
u
faixa de análise: 30 ºC a 1000 ºC;
u
inerte utilizado: coríndon (Al
2
O
3
);
u
termopar: platina ródio;
u
cadinho: platina ródio;
u
capacidade do cadinho: 0,05cm
3
;
u
massa das amostras: 30mg ± 0,1 mg.
3.2 Microscopia Eletrônica
de Varredura (MEV)
A análise por MEV conduz ao re-
conhecimento das feições microestru-
turais e especialmente a distribuição
u
Figura 2
Termograma com as curvas de ATD/TG de amostra de concreto
u
Figura 3
Imagem ilustrativa da
preparação da amostra
para análise
u
Figura 4
Vista geral do aparelho de
ATD/TG do laboratório da ABCP