CONCRETO & Construções | Ed. 88 | Out – Dez • 2017 | 93
u
estruturas em detalhes
Comparação entre trem-tipo
padrão e especial em
pontes rodoviárias
1. INTRODUÇÃO
P
ara o dimensionamento de
uma estrutura rodoviária é
necessário conhecer o con-
junto de carregamentos móveis que
podem produzir solicitações durante
sua vida útil. Esses carregamentos
móveis são denominados trens-tipo,
um conjunto de cargas que represen-
tam as ações de um veículo.
A normalização das cargas rodo-
viárias para fins de dimensionamento
das pontes começou em 1943 com a
norma ABNT NB6, onde os trens-tipo
eram compostos por compressores,
caminhões e carga de multidão. Na
sua revisão de 1960, a NB6 abordou
o tema criando três classes de cargas
rodoviárias TB-36, TB-24 e TB-12, que
eram aplicadas nas rodovias classes I,
II e III, respectivamente.
Em 1984, a norma ABNT NBR 7188
substituiu a NB6, alterando as classes
de carga rodoviária para TB-45, TB-30
e TB-12, em função do Código Nacio-
nal de Trânsito de 1978, que autorizou
a circulação de caminhões com peso
bruto total de até 45 ton. A relação di-
reta entre classes de cargas e de ro-
dovias foi retirada da norma, ficando a
critério dos órgãos com jurisdição so-
bre a rodovia a definição da classe de
carga a utilizar.
Na revisão atual, de 2013, determi-
nou-se a carga móvel rodoviária TB-
450 (unidades alteradas de tf para kN)
como carga padrão para as rodovias
brasileiras. A norma contempla ain-
da uma carga móvel rodoviária para
obras em estradas vicinais municipais
de uma faixa e obras particulares,
denominada TB-240, cuja utilização
pode ser instituída pela autoridade so-
bre a via. As alterações introduzidas
em 2013 abrangem diversos fatores,
como a definição de forças centrífu-
gas, de frenagem e de aceleração, a
substituição do fator de impacto, for-
ças devido à colisão de veículos e até
mesmo cargas veiculares em gara-
gens de edifícios.
Essa recente atualização da ABNT
NBR 7188 inseriu também o concei-
to de veículo especial, que já apare-
cia na instrução de projeto de OAE
(Obras de Arte Especial) do DER/SP
(Departamento de Estradas de Ro-
dagem de São Paulo), com aplicação
em projeto sujeita a critério dos ór-
gãos com jurisdição sobre a rodovia.
Reatores, turbinas, transformadores,
partes de aeronave de grande porte
ou até mesmo peças que compõem
usinas eólicas, são comumente trans-
portadas e fazem parte desta ampla
gama de cargas especiais.
Os veículos de cargas especiais
têm suas peculiaridades de operação,
principalmente durante a travessia de
pontes, onde é preciso avaliar a capa-
cidade portante e as restrições geo-
métricas da via, devido ao fato dessas
cargas solicitarem a estrutura de modo
diferente dos veículos convencionais.
O veículo especial deve seguir vá-
rias prescrições durante a transposição
de pontes:
u
interrupção do tráfego dos demais
veículos, ou seja, o transporte de
carga especial deve ocorrer isola-
damente, por eixo pré-definido (em
geral pelo eixo da estrutura);
u
o veículo deve trafegar com veloci-
dade constante e inferior a 5 km/h;
u
suspender o transporte especial
quando da ocorrência de ventos
com velocidade acima de 20 m/s;
u
se necessário, controlar a liberação
do tráfego de forma gradual após
a transposição do veículo especial
BRUNO CRISTOVÃO DA SILVA – E
ngenheiro
C
ivil
MARIANA FERREIRA DE LIMA – E
ngenheira
C
ivil
HILDEBRANDO PEREIRA DOS SANTOS JUNIOR – P
rofessor
IBERÊ MARTINS DA SILVA – P
rofessor
U
niversidade
S
anta
C
ecília