Revista Concreto & Construções - edição 88 - page 80

80 | CONCRETO & Construções | Ed. 88 | Out– Dez • 2017
(1965), que é representado de maneira
adaptada na Figura 1. O revestimento
de túnel mais eficiente é aquele que
mobiliza o maciço de modo a garantir
menores níveis de tensões para o re-
vestimento (Vandewalle, 1997).
Como o túnel é uma obra contí-
nua, sem juntas de dilatação, o mesmo
apresentará certo grau de fissuração no
sentido transversal de sua seção. Além
disso, há também a convergência do
túnel que vai acomodar as deformações
do maciço que devem ser estabilizadas
pelo revestimento de suporte (Celes-
tino
et al
., 1988). Essas deformações
impostas pelo maciço ao revestimento
de concreto recém-projetado podem
superar o limite elástico do material, es-
pecialmente pelo fato de sua resistên-
cia ainda ser baixa nesta etapa. Assim,
a ductilização da estrutura irá garantir
uma maior segurança e controlar o ní-
vel de fissuração da estrutura. O grau
de ductilização deverá ser maior para
estruturas com menor grau de supor-
te, ou nas quais seja previsto um nível
maior de exigência em termos de ten-
sões de cisalhamento, como ocorre em
maciços rochosos fraturados. Dessa
forma, o projetista deve definir que nível
de exigência o CPRF deverá apresentar
em termos de absorção de energia ou
resistência residual.
No sentido de fornecer uma referên-
cia de classificação de comportamen-
to estrutural do CPRF, foi publicada a
especificação produzida pela EFNARC
(1996). Esta especificação procurou
classificar o comportamento do CPRF
em função da sua capacidade resisten-
te residual pós-fissuração e ductilidade
através de dois ensaios básicos, sendo
um de punção de placas quadradas e
outro de flexão de prismas. Estes en-
saios e os parâmetros a serem avalia-
dos estão descritos a seguir.
2.1 Ensaio de punção de placas
Os revestimentos de CPRF são
muitas vezes exigidos para resistir a
cargas pontuais, como acontece com
o uso de tirantes para túneis em rocha.
Assim, foi natural buscar a avaliação do
desempenho do CPRF através da apli-
cação de uma carga pontual numa pla-
ca que representa uma porção de um
revestimento contínuo (Bernard, 2002).
O ensaio de punção de placas quadra-
das do CPRF (Figura 2A) é um ensaio
europeu tradicional (Vandewalle, 1997),
que foi incorporado à especificação da
EFNARC (1996) e, atualmente, é norma
europeia (EN14488-5). A medida do
deslocamento imposto à placa duran-
te o ensaio não é bem detalhada nas
normas e, por isso, recomenda-se uti-
lizar sistemas como o esquematizado
na Figura 2B para obter maior precisão
(Figueiredo, 2011).
O deslocamento máximo impos-
to no ensaio é de 25 mm, o que gera
elevado nível de abertura de fissuras,
como ilustrado na Figura 3. A partir do
ensaio é possível obter uma curva de
carga por deslocamento (Figura 4A),
a qual serve de base para a determi-
nação da curva de absorção de ener-
gia, calculada pela área sob a curva de
carga por deslocamento (Figura 4B).
A partir da energia total absorvida no
ensaio é possível verificar a classe do
CPRF segundo os critérios apresen-
tados na Tabela 1. Assim, o CPRF do
ensaio exemplificado na Figura 4 se
enquadraria na Classe B. Salienta-se
que é um ensaio de grandes dificulda-
des executivas e de grande dispersão
u
Figura 1
Modelo esquemático do comportamento esperado para o revestimento de
túneis NATM (adaptado de Rabcewicz, 1965)
u
Tabela 1 – Requisitos de absorção
de energia no ensaio de punção de
placas quadradas (EFNARC, 1996)
Classificação
da tenacidade
Energia absorvida
no ensaio de punção
de placas até um
deslocamento de 25
mm (Joules)
A
500
B
700
C
1000
1...,70,71,72,73,74,75,76,77,78,79 81,82,83,84,85,86,87,88,89,90,...116
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