Revista Concreto & Construções - edição 88 - page 79

CONCRETO & Construções | Ed. 88 | Out – Dez • 2017 | 79
u
encontros e notícias |
CURSOS
strutu a m det lhes
Parâmetros para especificação
e controle do concreto
projetado com fibras aplicado
como revestimento de túneis
1. INTRODUÇÃO
A
aplicação do concreto pro-
jetado para o revestimento
de túneis é fortemente vin-
culada ao método NATM (
New Austrian
Tunneling Method
). O objetivo do mé-
todo NATM inclui mobilizar os esforços
induzidos pelo terreno para garantir a
estabilidade global com menor nível de
tensões para a estrutura (Vandewalle,
1997). Trata-se de um método tradi-
cional, com registros de aplicação no
Brasil já na década de 1970 na execu-
ção das obras da Ferrovia do Aço e dos
túneis da primeira pista da Rodovia dos
Imigrantes (Rocha, 2012). No entanto,
apenas 20 anos depois, na década de
1990, ocorreram as primeiras aplica-
ções do concreto projetado reforçado
com fibras (CPRF) para o revestimento
de túneis, como foram os exemplos da
Hidrelétrica de Itá e da construção da
Via Expressa Sul, em Santa Catarina,
por volta do ano de 1996.
Progressivamente, o CPRF acabou
assumindo a condição de um dos prin-
cipais usos em termos de volume de
fibras consumido no Brasil (Figueiredo,
2011), ficando atrás apenas do uso
para pavimentos. No entanto, a espe-
cificação do CPRF ainda é feita de ma-
neira empírica e, muitas vezes, sujeita a
equívocos de interpretação. Boa parte
do problema pode ser creditado ao fato
de ainda não haver normas brasileiras
específicas publicadas no tema. Mes-
mo os desenvolvimentos recentes para
o concreto reforçado com fibras (CRF),
como foi a publicação do novo fib Mo-
del Code em 2010, não chegaram ao
CPRF. O próprio texto do fib Model
Code 2010 explicita que o mesmo não
é aplicável para o CPRF. Isto faz com
que alguns especificadores se omitam
no estabelecimento de requisitos para
o comportamento mecânico, limitando-
-se a fixar um teor mínimo de fibras,
desvinculando a caracterização do ma-
terial do desempenho estrutural. Tendo
esse cenário em vista, procura-se aqui
apresentar os principais aspectos a
serem considerados para a especifica-
ção do CPRF para túneis com foco no
desempenho estrutural do material, le-
vando-se em conta os ganhos recentes
obtidos em pesquisas focando o tema.
2. PARÂMETROS PARA
ESPECIFICAÇÃO DO USO
DO CPRF EM TÚNEIS
Um dos enfoques mais tradicio-
nais para a vinculação da aplicação do
CPRF em túneis NATM é o Q-System,
que vem sendo desenvolvido por Bar-
ton
et al
. desde 1974 (
apud
Palmstron,
Broch, 2006). Este é um enfoque empí-
rico e associado a uma classificação de
maciços rochosos onde os túneis são
escavados. O mesmo apresenta uma
série de limitações, como o fato de não
vincular o uso de fibras para o reforço
do concreto projetado a qualquer exi-
gência de comportamento mecânico
mínimo. No entanto, ele associa a ne-
cessidade de ductilização do revesti-
mento do túnel à maior deformabilidade
do maciço. Essa ductilização garante
maior segurança durante a execução
do túnel e a estabilização final das de-
formações do maciço de acordo com
o modelo proposto por Rabcewicz
ALAN RENATO ESTRADA CÁCERES – E
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FELIPE PEREIRA SANTOS – E
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ANTONIO DOMINGUES DE FIGUEIREDO – E
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