Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 116

116 | CONCRETO & Construções
Resistência ao ataque por
cloretos em concreto com cinza
do bagaço da cana de açúcar
1 INTRODUÇÃO
O
Brasil é o maior produtor
de cana de açúcar no mun-
do e também o principal
exportador de seus derivados (etanol e
açúcar). A Política Nacional de Biocom-
bustíveis assegura ao setor a expec-
tativa de grande desenvolvimento por
meio do incentivo à participação dos
biocombustíveis na matriz de combus-
tíveis brasileira, por serem resultantes
de fontes renováveis e, também, por
trazerem contribuições econômicas,
sociais e ambientais (BESSA, 2011).
Assim como o vinhoto, torta de fil-
tração, palha, levedura, dentre outros, o
bagaço da cana de açúcar é um subpro-
duto das agroindústrias sucroalcooleiras.
Estima-se que toda energia necessária
para o funcionamento do processo da
usina (mecânico, elétrico, acionamento
das bombas, moendas e para o proces-
so de destilação e concentração do cal-
do) pode ser abastecido pelo sistema de
cogeração de energia usando somente
o bagaço de cana queimado nas caldei-
ras como fonte energética, o que pode
tornar a usina energeticamente autossu-
ficiente (FREITAS, 2005). Ainda, Freitas
(2005) destaca que, mesmo que o pro-
cesso de cogeração de energia libere di-
óxido de carbono (CO
2
) para a atmosfera,
a quantidade de emissões é significativa-
mente menor, comparada com outras
fontes de energia como o petróleo, em
função da produção da mesma quanti-
dade de energia, o que acaba por cor-
roborar estudos relacionados à produção
de energia com processos alternativos
e também estudos que abordem sobre
possíveis aplicações técnicas com valor
agregado para os resíduos oriundos de
tais atividades.
A geração da cinza do bagaço de
cana de açúcar (CBC) ocorre na quei-
ma do bagaço nas caldeiras durante
o processo de cogeração de energia,
sendo essa uma fase complementar do
aproveitamento do bagaço de cana de
açúcar no processo de obtenção do
açúcar e álcool (FREITAS, 2005).
Após o processo de queima do
bagaço da cana de açúcar, o principal
destino para a CBC são os depósitos
junto ao local de saída, de onde serão
removidas por caminhões tendo como
destino a disposição em lavouras. No
entanto, conforme destacam Paula
(2006) e Altoé (2013), esta aplicação
é inadequada e não atribui valor agre-
gado à cinza do bagaço da cana de
açúcar, uma vez que a CBC não possui
características fertilizantes.
Dependendo das condições de
queima do bagaço, podem ser geradas
CBC com atividade pozolânica (estado
amorfo) ou não (estado cristalino). As
CBC no estado amorfo podem ser uti-
lizadas como materiais pozolânicos e
substituir parte do cimento, enquanto
que as CBC no estado cristalino são
inertes e podem ser utilizadas como fíler
na produção de concretos.
Assim, no estudo da cinza do baga-
ço da cana de açúcar, além do desen-
volvimento da tecnologia de agregados
alternativos para a indústria do concre-
to e de substituintes parciais para o ci-
mento, valoriza-se também a utilização
de um subproduto agroindustrial gera-
do nas usinas sucroalcooleiras, agre-
gando novos valores há um subproduto
que é descartado em lavouras.
1.1 Resistência do concreto
ao ataque por cloretos
Um concreto durável, conforme
destacam Mehta e Monteiro (2008),
deverá preservar sua forma, qualidade
u
pesquisa e desenvolvimento
ROMEL DIAS VANDERLEI – P
rofessor
doutor
e
C
oordenador
HUGO SEFRIAN PEINADO – E
ngenheiro
C
ivil
, M
estre
e
P
esquisador
MARISA FUJIKO NAGANO – E
ngenheiro
C
ivil
, M
estre
e
P
esquisadora
G
rupo
de
D
esenvolvimento
e
A
nálise
do
C
oncreto
E
strutural
da
U
niversidade
E
stadual
de
M
aringá
1...,106,107,108,109,110,111,112,113,114,115 117,118,119,120,121,122,123,124,125,126,...132
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