CONCRETO & Construções | Ed. 91 | Jul – Set • 2018 | 95
um alongamento de 0,213 mm. Note
que o alongamento na máxima tensão
é cerca de 8 vezes maior que aquele
observado na primeira fissura. A par-
tir do ponto C foi observado o com-
portamento de amolecimento com a
abertura crescente de uma das fissu-
ras observadas no material.
Observa-se, também, que mes-
mo com um alongamento tão elevado
como 0,4 e 0,5 mm (15 a 20 vezes
o alongamento de primeira fissura) e
que o compósito ainda resiste a es-
forços equivalentes ao da tensão de
primeira fissura.
2.4 Autocicatrização do concreto
de altíssimo desempenho
reforçado com fibras de aço
Para o estudo da autocicatrização
utilizou-se um compósito cimentício
de altíssimo desempenho reforçado
apenas com uma fração volumétrica
de fibras de aço de 1,28%. A matriz
era composta por cimento Portland
CP V – ARI e escória de alto forno
como materiais cimentícios e areia
fina com dimensão máxima de 2 mm.
O fator água/materiais cimentícios
foi de 0,18 e uma dosagem de 0,9%
(sólidos do SP/sólidos de materiais
cimentícios) de superplastificante a
base de policarboxilato foi utilizada na
mistura. O traço utilizado é apresen-
tado na Tabela 2.
Corpos de prova prismáticos de
30 x 60 x 300 mm foram moldados e,
após os 28 dias de cura em câmara
úmida (95% U.R. e 23ºC ), induziu-se,
nas amostras, fissuras sob cargas de
tração direta utilizando-se, para isso,
a máquina Shimadzu de 300 kN com o
controle da abertura de fissura sendo
realizado por dois LVDT’s fixados no
terço central da amostra. Entalhes de
10 mm de profundidade em cada lado
do corpo de prova foram induzidos
de modo a concentrar as tensões e
obtenção de uma única fissura. Após
a indução das fissuras, as amostras
foram submetidas a ciclos de mo-
lhagem e secagem durante 6 meses
para propiciar a autocicatrização da
fissura. Ao término dos 6 meses de
condicionamento, os corpos de prova
foram ensaiados à tração direta até a
ruptura para se identificar o efeito da
cicatrização no comportamento das
amostras. Maiores detalhes do pro-
cesso de produção das amostras, do
condicionamento e dos ensaios estão
disponíveis em [4].
A figura 6 apresenta uma curva
tensão-deslocamento em linha cinza
que corresponde a indução da fissu-
ra após os 28 dias de cura da amos-
tra e o resultado do ensaio de tração
após se submeter a amostra a ciclos
de molhagem e secagem é também
apresentado na mesma figura (ver
curva com a linha preta).
O valor da tensão de primeira fissu-
ra foi de 5,60 MPa e a tensão máxima
observada no processo de indução da
fissura foi de 7,96 MPa (ver curva cin-
za na Figura 6). O módulo elástico do
UHPFRC foi de 45 GPa. Após subme-
ter as amostras a ciclos de molhagem
e secagem durante 6 meses, nota-
-se que a amostra apresentou ganho
na tensão máxima obtida quando da
u
Figura 4
Curva tensão equivalente de
tração na flexão
versus
deflexão
no meio do vão do UHPFRC
u
Figura 5
Curva tensão de tração
versus
deslocamento do UHPFRC
u
Tabela 2 – Dosagem do
UHPFRC autocicatrizante
Materiais
Dosagem (kg/m
3
)
Cimento CP V – ARI
600
Escória de alto forno
500
Água
200
Superplastificante
33
Areia (0-2 mm)
983
Fibras de aço
100
u
Figura 6
Curva tensão de tração x
deslocamento durante a indução
da fissura após 28 dias de
cura (curva cinza) e curva
tensão-descolamento após
condicionamento da amostra