46 | CONCRETO & Construções | Ed. 91 | Jul – Set • 2018
Chegou a ficar cerca de sete anos pa-
ralisada. Foi retomada em 1995 e, em
seguida, paralisada novamente, perma-
necendo sem revestimento até os dias
de hoje. A inexistência de informações
quanto aos projetos originais, licenças
e alvarás, ocorreu por se tratar de uma
obra irregular, cujas cópias de proje-
tos foram danificadas pelas cheias que
atingiram a região.
2.2 Inspeção preliminar
Durante a inspeção preliminar algu-
mas características foram observadas,
destacando-se falhas executivas. A Figu-
ra 2.2.1 mostra uma viga do pavimento
térreo com grande parte da sua seção de
concreto comprometida pela passagem
de um tubo de esgoto. A união entre es-
trutura e tubulação pode trazer proble-
mas graves também por submeter as
peças plásticas a esforços para os quais
não foram dimensionadas, além de expor
o concreto e o aço à umidade e também
à possibilidade de contaminação.
A presença de nichos de concreta-
gem, segregação e a ausência de co-
brimento são frequentes em muitos dos
elementos estruturais da obra de ambos
os pavimentos. A Figura 2.2.2 mostra
uma viga do pavimento inferior com baixo
cobrimento, além da segregação do con-
creto, expondo a armadura à umidade e
aos demais agentes externos.
A grande quantidade de agregado
graúdo em relação à argamassa do con-
creto utilizado no pavimento inferior da
obra é notável em diversos pontos. Esse
baixo teor de argamassa, aliado ao mal
adensamento do concreto no momento
da concretagem e ao baixo cobrimento,
impede que o concreto preencha toda a
face do elemento. Desta forma, os sinais
de corrosão do aço da estrutura são visí-
veis por toda edificação, já em forma de
fissuração e até desplacamento, expon-
do a armadura conforme demonstrado
na Figura 2.2.3.
Outro fator notável identificado na
inspeção visual foi que, em alguns ca-
sos, a falta de cobrimento se deu tam-
bém pelo deslocamento da armadura
nas seções dos pilares, como consta-
tado no pilar ilustrado na Figura 2.2.4.
Em uma das faces do pilar o cobrimento
chega a ultrapassar cinco centímetros,
sendo que na face oposta o cobrimen-
to é quase inexistente. Esse tipo de fa-
lha compromete o desempenho da
estrutura não apenas na durabilidade,
mas também na resistência aos esfor-
ços para os quais ela foi dimensionada.
Entre as informações obtidas na
inspeção preliminar, uma delas foi a
quantidade de elementos que apresen-
tam fissuras de acordo com sua aber-
tura transversal, demonstrada na Figura
2.2.5. Mais da metade dos pilares da
obra apresentaram fissuras originadas
pela corrosão, identificadas pelas barras
em vermelho, das quais 38% já possui
abertura máxima maior do que 0,5 mm,
indicando um nível de corrosão elevado e
o início do desplacamento.
Quanto às manifestações mais co-
muns aos elementos da obra, o núme-
ro de pilares que apresentam a mesma
manifestação em relação ao número
total de pilares é demonstrado na figura
2.2.6.
u
Figura 2.2.1
Tubulação solidarizada com a
estrutura do pavimento inferior
(O autor, 2016)
u
Figura 2.2.2
Vigas do pavimento inferior
(O autor, 2016)
u
Figura 2.2.3
Fissuração por corrosão em pilar
do pavimento superior
(O autor, 2016)
u
Figura 2.2.4
Desplacamento e desagregação
em pé de pilares (O autor, 2016)