Revista Concreto & Construções - edição 90 - page 44

44 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
enriquecido por novas pesquisas e
aperfeiçoamentos tecnológicos.
Um projeto relevante para a reestreia
do sistema no Brasil foi um condomí-
nio com 618 casas, construídas com a
tecnologia de paredes de concreto em
Várzea Grande, região metropolitana de
Cuiabá/MT. O empreendimento, lançado
pela empresa Rodobens em 2007, rece-
beu apoio técnico do GPC. Outra inicia-
tiva pioneira foi tomada pela Cooperativa
do Oeste do Paraná (Copacol), que tam-
bém optou pela tecnologia na construção
de 101 moradias em Cafelândia/PR. Na
época, ainda não vigorava a NBR 15.575
(Norma de Desempenho), havia apenas
minutas do texto-base, com premissas e
critérios adotados em avaliações de labo-
ratórios. Mas, para comprovar que o sis-
tema parede de concreto atendia a essas
premissas, a construtora Narciso Casas
construiu um protótipo para avaliação do
Laboratório de Tecnologia do Concreto
de Itaipu (Labtecon).
4. CAIXA É PARCEIRA DO PROJETO
Um dos gargalos para o uso do siste-
ma parede de concreto foi, nos primeiros
anos de implantação, a falta de homolo-
gação da tecnologia pela Caixa Econô-
mica Federal. Essa situação perdurou até
junho de 2009, quando o GPC e técnicos
do banco deram o primeiro passo para
compartilhar informações, de modo a
facilitar a aprovação de financiamentos
de empreendimentos que utilizavam o
sistema. Paralelamente, desenvolveu-se
uma intensa mobilização entre construto-
ras interessadas em adotar o sistema e
o SINAT (Sistema Nacional de Avaliação
Técnica). Essas mobilização, amparadas
em avaliações e ensaios laboratoriais, ba-
lizaram os primeiros textos técnicos e as
decisões da Caixa.
Como resultado dessas ações, o GPC
criou uma cartilha de recomendações,
que passou a ser adotada como parâme-
tro por entidades de referência nacional,
em conjunto com a NBR 15575, Diretrizes
SINAT, Referência Técnica do IPT e de-
mais ativos elaborados pelo GPC.
Para se ter uma ideia do conhecimen-
to técnico gerado, no biênio 2009/2010
o mercado já dispunha de um guia de
práticas recomendadas para edifica-
ções de até 5 pavimentos, orientações
para projetos de edifícios altos, cartilha
de recomendações da Caixa, ensaios
do IPT sobre comportamento estrutural
do sistema, planilha de parametrização
e comparação entre sistemas para edi-
fícios altos e um modelo para orientar a
escolha do sistema de fôrmas. Na área
da segurança do trabalho, o GPC elabo-
rou a “NR-18 Comentada para Parede
de Concreto”, debatida com fornecedo-
res de fôrmas e equipamentos. Os ativos
gerados incluíram ainda recomendações
para revestimentos, controle tecnológi-
co, cura do concreto e até a elaboração
de um catálogo de telas e acessórios.
O GPC produziu ainda roteiros visando
a modulação e a rastreabilidade do sis-
tema (Figura 3). A geração de conheci-
mento foi acompanhada, naquele ano,
pela construção de 18 mil unidades com
o sistema.
5. SUPORTE TÉCNICO
AO MERCADO
A utilização crescente do sistema
nos empreendimentos habitacionais
trouxe um novo desafio: a necessidade
de padronizar procedimentos e de ele-
var a produtividade – que era, afinal, o
maior atrativo do sistema. O objetivo era
identificar e recomendar os pontos mais
importantes de alguns processos que in-
fluenciavam o desempenho do sistema.
Era preciso destacar também as melho-
res práticas e preparar recomendações
de projeto (voltadas à produção), plane-
jamento, logística e execução, a fim de
instrumentalizar o mercado para tirar
o melhor proveito da tecnologia. Uma
nova rodada de ferramentas foi criada
e disponibilizada em diferentes formatos
para a utilização segura da parede de
concreto nas obras brasileiras.
Corria o ano de 2010 e o GPC (com
apoio da ABESC/IBTS) conduzia a re-
alização dos ensaios necessários para
homologar o sistema na Caixa. Ao mes-
mo tempo, a recém-criada Comissão
de Estudos de Paredes de Concreto da
ABNT, com ativa participação de mem-
bros do grupo, preparava o texto-base
da futura norma técnica do sistema, cujo
escopo era fixar os requisitos para proje-
to e execução exigíveis para as paredes
de concreto moldadas in loco com fôr-
mas removíveis.
No mercado, o método já era empre-
gado em grandes edifícios, confirmando
sua versatilidade, juntamente com a ten-
dência de verticalização dos empreendi-
mentos. Visando a troca de experiências
nesse âmbito, o grupo promoveu duas
visitas técnicas a empreendimentos de
porte: MaxHaus Panamby (194 apar-
tamentos distribuídos em duas torres
Figura 3 – Cartilha feita pelo GPC
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