36 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
Concreto Simples, pelo comitê CB-2
da ABNT (Comitê Brasileiro da Cons-
trução Civil da ABNT). Faziam parte
desta comissão, quando da instalação,
os calculistas Kurkdjian e José Luiz Pe-
reira, engenheiros Carlos Eduardo Tan-
go e Paulo Helene, do IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo);
engenheiros Wanderley Guimarães, da
Concremat, Salvador Giamusso, da
ABCP (Associação Brasileira de Cimen-
to Portland), e este autor, além de di-
versos outros colegas de construtoras
e indústrias.
Depois de mais de duzentas reu-
niões, realizadas entre 1977 e 1989,
e mais de 100 participantes ao longo
desse tempo, finalmente foi editada
a norma brasileira de projeto, última
norma do conjunto de normas de re-
quisitos, ensaios diversos de resistên-
cia à compressão simples de bloco,
prisma e parede, além da norma de
execução e controle. Vale lembrar
que hoje essas normas estão todas
revisadas, acompanhando o estado
da arte da normalização internacio-
nal, sob a coordenação do eng. Prof.
Dr. Guilherme Parsekian.
Um evento de bastante repercus-
são, em 1978, foi o Colóquio de Alve-
naria Estrutural, promovido pelo IBRA-
CON (Instituto Brasileiro do Concreto)
,com apresentação de trabalhos em re-
lação a projetos, produção de blocos,
ensaios, controle estatístico dos blocos
de concreto, visita a uma obra do arq.
Fuad Jorge Curi na Vila Santa Catarina,
em São Paulo. Nessa obra, o sistema
construtivo de AE se completava com
lajes, escadas e vergas pré-fabricadas,
com o uso de blocos arquitetônicos
nas fachadas, sem utilizar carpintaria,
portanto, sem o uso de madeira. Tra-
tava-se de um conjunto de quatro tor-
res de doze pavimentos em formato de
“Y”, com seis apartamentos por andar.
Após esse colóquio e uma viagem
deste autor com o Eng. Kurkdjian aos
Estados Unidos para saber se havia
tido alguma mudança no critério de
projeto de AE por tensões admissíveis
para estado-limite último, voltamos
com a convicção que no estado da arte
de então (1980), a norma de projeto de-
veria caminhar pelo critério de tensão
admissível, que perdurou até a sua revi-
são em 2013, quando passou a adotar
o critério de estado-limite.
Apesar de muitas palestras feitas
pelo Brasil sobre o sistema construti-
vo em AE, surgiram apenas exemplos
pontuais de obras com este sistema
devido à falta de uma indústria forte
instalada nos estados do Sul, Sudes-
te, Nordeste, Centro-Oeste e Norte do
Brasil. Essa expansão da indústria só
aconteceu após o ano 2000.
Ao longo dos anos 1980, a acade-
mia começa a se interessar pela Alve-
naria Estrutural, inclusive pelo início
de produção do bloco cerâmico para
AE. Diversas faculdades de engenha-
ria, como a Escola Politécnica da USP
(Universidade de São Paulo), Unicamp
(Universidade de Campinas), Escola
de Engenharia Civil da USP e Federal
de São Carlos, por intermédio de al-
guns professores, vão aos poucos in-
troduzindo o ensino da AE nos cursos
de graduação. No sul, professores da
UFRGS (Universidade Federal do Rio
Grande do Sul) e de Santa Maria-RS, e
da UFSC (Universidade Federal de San-
ta Catarina), de Florianópolis, passam a
ter bastante interesse no ensino e pes-
quisa da AE.
Com o início da produção de lajes
alveolares em concreto protendido com
3 a 12 metros de vão, arquitetos pas-
sam a projetar escolas, mezaninos de
galpões industriais, creches, unidades
básicas de saúde (as UBS), presídios
(celas e muralhas) utilizando o sistema
AE e lajes alveolares. Assim, racionali-
zavam-se as construções, eliminando
fôrmas e escoramentos, e aumentando
a velocidade de execução com equi-
pamentos adequados para a logística
de transporte horizontal e vertical dos
então blocos paletizados e das lajes al-
veolares pré-fabricadas.
Da mesma maneira, as construtoras
de grandes conjuntos habitacionais para
as Cohab´s e Inocoop´s aplicam as lajes
alveolares em prédios de 4 a 13 pavi-
mentos, com 3 a 7 metros de vãos entre
paredes estruturais. Divisões internas
são construídas com blocos de vedação
de 6,5 ou 9 cm de largura, mas também
modulados em 20 cm. Eliminava-se
deste modo a preocupação de não po-
der derrubar parede interna em caso de
reforma na moradia. A AE mostrava as-
sim a grande flexibilidade oferecida ao se
Prédio em Alvenaria Estrutural,
em Alphaville (Construtora MPD)