34 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
u
industrialização da construção
História da alvenaria
estrutural no Brasil
CARLOS ALBERTO TAUIL – A
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1. INTRODUÇÃO
A
Alvenaria Estrutural tem
sido usada há séculos pelo
mundo afora. Entretanto, al-
venaria Estrutural com Blocos de Con-
creto é uma inovação relativamente re-
cente. Em meados do século passado,
máquinas manuais produziam os blo-
cos, mas, a partir dos anos 1960, com
a construção de usinas hidrelétricas no
Brasil e, portanto, a necessidade de
se construir uma vila para os milhares
de trabalhadores, a construtora impor-
tou dos Estados Unidos máquinas do
tipo vibroprensa, mecânicas e de alta
capacidade de produção de blocos de
concreto, para serem usados nas al-
venarias estruturais de casas, escolas,
hospitais etc., que, após a conclusão
da usina, viraram cidades, como Jupiá
e Ilha Solteira, no oeste do estado de
São Paulo.
2. CONSTRUÇÃO DE MORADIAS
A industrialização no Brasil após a
Segunda Guerra Mundial levou a que
grande massa de trabalhadores do
campo migrasse para as cidades à
procura de empregos de melhor quali-
dade, fazendo com que a rápida urba-
nização demandasse a construção de
moradias para atender essa população
recém-instalada nas áreas urbanas.
Somente em 1965, já no governo
militar, decide-se criar um grande pro-
grama de construção de moradias por
meio da fundação do Banco Nacional
de Habitação (BNH) e de um sistema
de crédito e financiamento para permitir
a construção de milhares de moradias
financiadas a essa leva de novos mora-
dores das cidades.
Com esse modelo de crédito e fi-
nanciamento, em 1968 é construído
no bairro da Lapa, em São Paulo, o pri-
meiro conjunto de prédios residenciais
em Alvenaria Estrutural (AE) de blocos
de concreto. Na época, o meio técni-
co chamava esse tipo de estrutura de
Alvenaria Armada. No começo, eram
erguidos prédios de quatro andares e,
posteriormente, de até doze andares.
Nessa época, uma indústria instala-
da junto a uma pedreira em Guarulhos,
com máquinas trazidas da obra da
construção das casas da vila das usi-
nas hidrelétricas citadas, passa a ser a
primeira fornecedora de blocos estrutu-
rais de concreto para AE em São Paulo.
Os diretores dessa indústria observa-
ram então o grande potencial de mer-
cado para a comercialização de blocos
estruturais na construção de edifícios
habitacionais, cujos projetos induziam
à construção de paredes repetitivas e
moduladas em 20 cm, com blocos es-
truturais 19x19x39 cm.
O eng. Cid Luiz Racca, um dos
diretores dessa indústria, apresenta
no 1° Encontro Nacional da Constru-
ção (Enco), em 1972, um manual de
Operários executando a construção de edificação em alvenaria estrutural