CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 43
A primeira comitiva foi integrada por
algumas construtoras, principalmente
as que desejavam ingressar no merca-
do de baixa renda. Ao todo, foram reali-
zadas três missões técnicas ao exterior,
com a participação total de 74 profis-
sionais, representando construtoras,
fornecedores, projetistas de estruturas,
arquitetos e formadores de opinião. O
entusiasmo era grande, assim como
as dúvidas. No retorno dessas viagens,
as instituições fomentadoras da inicia-
tiva decidiram criar o Grupo Parede
de Concreto (GPC), com o objetivo de
integrar a cadeia produtiva e ajudar a
implantar o sistema construtivo no Bra-
sil. Desde o início, o GPC valorizou a
visão sistêmica da solução, base para
um amplo e constante desenvolvimen-
to tecnológico, que abrangeu desde a
criação de componentes específicos
até a normalização técnica.
3. AÇÕES DO GPC PARA
MELHORAR O SISTEMA
O primeiro desafio de qualquer tec-
nologia é demonstrar sua aplicabilida-
de e seu benefício econômico. Assim,
o fomento à utilização de paredes de
concreto na construção de casas e
edifícios dependia de demonstrar ao
mercado a competitividade do sistema
(eficiência econômica) e o seu valor
tecnológico, dando-lhe a condição de
ser uma opção de uso. Para que isso
ocorresse, de fato, era preciso integrar
os agentes envolvidos (entidades, pro-
jetistas, construtoras e fornecedores),
implantar e acompanhar obras, e obter
uma visão diversificada da tecnologia.
Além disso, era preciso compartilhar
recursos, conhecimentos e energia
nas diversas etapas de desenvolvi-
mento tecnológico.
A primeira ação do GPC foi estabe-
lecer ciclos de estudo por temas rela-
cionados ao sistema, como concreto,
aço, fôrmas, mão de obra, logística,
normalização técnica, concepção es-
trutural e arquitetônica, instalações elé-
trica e hidráulica etc. Cada aspecto foi
minuciosamente estudado e debatido
pelo grupo e os resultados dos traba-
lhos difundidos para o mercado em
workshops e publicações.
Em 2008, o mercado já contava com
a primeira coletânea brasileira de Ativos
em Paredes de Concreto, lançada du-
rante o 80º Encontro Nacional da Indús-
tria da Construção (Enic), em São Luís/
MA. O trabalho trazia informações rele-
vantes sobre normalização técnica, sis-
temas de fôrmas, qualificação da mão
de obra, uso de telas soldadas, carac-
terísticas e propriedades do concreto e
sustentabilidade do sistema. O material
deu segurança para as construtoras co-
meçarem a adotar o sistema construti-
vo em suas obras. Nos anos seguintes,
o acervo (Figura 2) foi continuamente
Figura 1 – Missão técnica de construtores à Colômbia para conhecer o sistema
construtivo paredes de concreto
Figura 2 - Materiais produzidos pelo GPC