CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 51
é de compressão. No entanto, vi-
sando combater eventuais tensões
de tração, passíveis de ocorrerem
na própria fase de execução da
obra, há necessidade de uma ca-
pacidade mínima de resistência
à tração do CRFV, que deve ser
estabelecida por meio do valor de
f
Ftu
= f
R3
/3 (resistência residual últi-
ma de tração do CRFV), conforme
estabelece o item 4.3 da Prática
Recomendada IBRACON/ABECE
“Projeto de Estruturas de Concreto
Reforçado com Fibras”.
No caso da substituição total ou
parcial das armaduras convencio-
nais pela fibra de vidro, as peças
submetidas predominantemente à
compressão devem ser dimensiona-
das no Estado Limite Último e no Es-
tado Limite de Serviço, sendo que as
tensões devem ser verificadas consi-
derando-se as resistências à tração
uniaxiais reduzidas f
Ftu
e f
Fts
, de acor-
do com o estado limite considerado.
Mesmo que submetidas unica-
mente à compressão, no caso de
paredes com vãos de portas ou
janelas, havendo ou não substitui-
ção parcial ou total de armaduras
convencionais, deve-se prever re-
forços de barras de armadura nos
vãos de portas e janelas.
As lajes devem contar necessa-
riamente com armaduras conven-
cionais, podendo-se, entretanto,
considerar a contribuição de fibras
de vidro no dimensionamento, con-
siderando a resistência à tração do
CRFV o valor de f
Ftu
= f
R3
/3 (resis-
tência residual última de tração do
CRFV). No caso de lajes com a utili-
zação de armaduras convencionais
+ fibras de vidro, o máximo valor
do momento resistente deve ser
MRd = f
Ftud
.t
2
/2, conforme estabele-
ce o item 6.5 da Prática Recomen-
dada IBRACON/ABECE “Projeto de
Estruturas de Concreto Reforçado
com Fibras”. Nesse caso, deve-se
verificar a abertura de fissuras com
base na ABNT NBR 6118.
4. CONTROLE TECNOLÓGICO
DO CRFV
O controle tecnológico do CRFV
deverá atender aos itens a) ou b),
c) e o item d).
a) Resistências (LOP) e resistên-
cias residuais f
R1
, f
R2
, f
R3
e f
R4
;
b) Resistência à tração na flexão;
c) Resistência à compressão;
d) Determinação do teor de fibras
no estado fresco.
O fornecedor das fibras e/ou
a instituição certificadora deverá
apresentar, em cada fornecimento,
o respectivo relatório de controle
da qualidade da produção, incluin-
do comprimento e seção transver-
sal característica das fibras, fator
de forma, resistência à tração,
alongamento máximo, módulo de
deformação, resistência à ação de
álcalis e outros.
Durante a execução da obra
recomendam-se os critérios de for-
mação dos lotes e das amostras,
para os respectivos ensaios indica-
dos na Tabela 2.
Para volumes de concreto infe-
riores a 50 m³, a amostragem deve
ser total.
O estabelecimento do padrão
de amostragem pode ser intensi-
ficado para situações específicas,
a critério do projetista, tendo-se
como referências mínimas os valo-
res apresentados na Tabela 3.
5. CONCLUSÕES
O passo dado pela Diretriz SI-
NAT 001 – Revisão 3 é bastante
importante para a aplicação da
tecnologia do Concreto Reforçado
com Fibras no sistema construti-
vo paredes de concreto moldadas
no local. Por se tratar de Concre-
to Reforçado com Fibras de Vidro
u
Tabela 2 – Formação dos lotes e
amostras para controle do CRFV
Identificação
(considerar o
mais exigente)
Solicitação
principal do
elemento da
estrutural:
compressão
com flexão
Volume de concreto
50 m³
Número de andares
1
Tempo de
concretagem
Três dias de
concretagem
u
Tabela 3 – Padrão mínimo de amostragem para o CRFV
Ensaio
Número de CPs
Datas de ensaio
Resistências (LOP) e resistên-
cias residuais f
R1
, f
R2
, f
R3
e f
R4
4 CPs 150 x 150 x 600 mm
para cada caminhão betoneira
4 CPs a 28 dias
Resistência à tração na flexão
4 CPs 100 x 100 x 400 mm
para cada caminhão betoneira
2 CPs a 12 horas
2 CPs a 28 dias
Resistência à compressão
6 CPs de
ϕ
100 x 200 mm
para cada caminhão betoneira
2 CPs a 12 horas
2 CPs a 7 dias
2 CPs a 28 dias
OBSERVAÇÃO: No caso de concreto produzido na obra, além do controle de dosagem, observar a moldagem do número de
CPs acima a cada 8 m
3
produzidos. No caso de pavimentos onde o consumo de concreto fornecido por caminhões betoneira
supere 50 m
3
(paredes e lajes), ou onde o período de concretagem supere uma semana, repetir, pelo menos uma vez, as
moldagens acima (por exemplo, iniciar a contagem do volume produzido na obra no início de cada semana).