Revista Concreto & Construções - edição 90 - page 38

38 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
u
industrialização da construção
Paredes de concreto – como ter uma
obra sem manifestações patológicas
ARNOLDO WENDLER – E
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NBR 16055
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ABNT
RUBENS MONGE – E
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1. INTRODUÇÃO
O
sistema parede de concre-
to é um sistema construtivo
industrializado. Sua carac-
terística básica é permitir uma obra de
grande velocidade e repetitividade, com
uso intenso de fôrmas manoportáveis,
que permitem a execução de duas a
quatro unidades habitacionais por dia.
Com esta velocidade construtiva, é
fundamental uma obra bem planejada e
executada, pois não há tempo para se
pensar em soluções pontuais para pro-
blemas localizados ou modificar o pro-
cesso construtivo durante a execução.
Tudo precisa funcionar perfeitamente,
evitando qualquer desvio que origine
reparos e retrabalhos.
2. ESPECIFICAÇÃO DO CONCRETO
Uma das grandes preocupações do
sistema é a possibilidade de fissuração.
O sistema parede de concreto apresen-
ta uma estrutura muito rígida, com alta
restrição à variação volumétrica. É uma
estrutura que gera altas tensões quan-
do submetida à imposição de deforma-
ções, como a retração.
A retração é um fenômeno intrínse-
co ao material concreto. Ela tem dife-
rentes causas:
u
Retração plástica inicial, por perda
de água com o concreto ainda não
endurecido;
u
Retração química, pelo menor volu-
me dos cristais formados na reação
do cimento;
u
Retração hidráulica (ou secagem), pela
perda de água quando já endurecido.
Por isso, deve-se dar muita atenção
a todo o processo desde o seu plane-
jamento, passando por um bom projeto
e execução, com especial atenção ao
concreto. É necessário uma boa especi-
ficação do material nos projetos, com es-
tudos de dosagem detalhado e ensaios
de pré-caracterização para confirmar o
recebimento e uso do material idealizado.
Exemplo de especificação de concreto
pode ser encontrado no Quadro 1.
3. POR QUE OCORREMRETRAÇÕES
Quando não são tomados todos
os cuidados necessários, pode ocorrer
uma retração acima do normal causada
pelos seguintes fatores:
u
Concreto autoadensável mal di-
mensionado
, com poucos finos e
muita água. É extremamente impor-
tante um estudo do traço do concre-
to por profissional especializado, seja
ele da concreteira, laboratório de en-
saios ou consultor independente, e
a consulta à ABN TNBR 15823 para
obter o concreto autoadensável ade-
quado à utilização.
u
Falta de cura
, causando grande
perda de água inicial. Pela rapidez
do processo construtivo, há muitas
paredes sendo curadas simultanea-
mente, o que, em princípio, inviabiliza
uma cura úmida bem feita. O ideal é
u
Quadro 1 – Especificação do concreto “parede-laje”
Classe de agressividade II
Resistência característica f
ck
= 25 MPa
Módulo de deformação E
c
(tangente) ≥ 28 GPa
Coeficiente de retração menor que 0,035%, curado nas mesmas condições da obra,
segundo a norma ASTM C 157
Resistência de desforma f
ck
= 3 MPa
Espalhamento
(Slump-flow)
600 ± 50 mm
Relação Água-Cimento a/c ≤ 0,60
Consumo mínimo de cimento + fíler inerte = 370 kg/m
3
Sendo fíler o material inerte com finura entre 0,075 mm (peneira 200) e 0,106 mm (peneira 150)
Utilizar compensador de retração e/ou fibras têxteis para evitar retração (mínimo 300 g/m
3
)
Material: polipropileno – tipo: multifilamento
Massa específica: 0,90 ± 0,05 g/cm
3
Comprimento mínimo: 20 mm
Dimensão máxima do agregado: 12,5 mm
1...,28,29,30,31,32,33,34,35,36,37 39,40,41,42,43,44,45,46,47,48,...116
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