Revista Concreto & Construções - edição 86 - page 71

CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 71
FEIÇÕES MICROESTRUTURAIS
DO CONCRETO E SUA
INTERPRETAÇÃO
Embora a interpretação das fei-
ções microestruturais tenha sido in-
troduzida já no item anterior, é ne-
cessário enfatizar que a técnica da
microscopia eletrônica de varredura
é uma extensão dos olhos do ob-
servador, que lhe permite observar
detalhes por meio de ampliação de
até 300.000 vezes, impossíveis de
serem vistos a olho nu. Por isso, o
analista deve ser experiente e com-
petente o suficiente para proceder
a uma amostragem representativa
para detectar determinadas feições
que são decorrentes das caracte-
rísticas do concreto e associá-las a
condições de preparação do concre-
to, a manifestações patológicas, a
propriedades especiais, etc.
Numa fase anterior à análise por MEV
propriamente dita, é importante que, no
momento da separação dos fragmentos
que serão submetidos ao microscópio
eletrônico de varredura, a estereosco-
pia e a análise óptica (Fotos 16 a 18)
possam subsidiar a adoção de bons
critérios de seleção desses fragmentos,
além do conhecimento preliminar de
eventual problema ou característica do
concreto em condições de campo, pois,
as análises no MEV são pontuais. As-
sim, uma manifestação patológica por
ataque químico ou problemas ligados à
má execução ou ao traço do concreto,
por exemplo, podem ser diagnosticados
com maior precisão. Por outro lado, são
vários os casos estudados na ABCP
nos quais os problemas de fissuração
tinham sido atribuídos a outras causas,
como, por exemplo, recalque de funda-
ções, mas cujos diagnósticos em labo-
ratório mostraram ser devidos à reação
álcali-agregado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da microestrutura do
concreto, em particular o uso da
microscopia eletrônica de varredu-
ra, constitui importante ferramenta
para entender o comportamento do
concreto frente ao seu processo de
preparação, composição e intera-
ção com as condições ambientais
de exposição da estrutura. Permite
prevenir ou diagnosticar ou, ainda,
confirmar diagnósticos de campo,
apontando as causas de manifesta-
ções patológicas, bem como a iden-
tificação de características ligadas à
durabilidade do concreto.
Finalmente, o estudo da microes-
trutura vem sendo aplicado de manei-
ra crescente no desenvolvimento de
inovações tecnológicas no campo do
concreto, de maneira abrangente, das
quais são exemplos o concreto trans-
lúcido, o concreto com nanotubos de
carbono, o concreto autolimpante, o
concreto autocicatrizante, o concreto
têxtil, entre outros.
FOTO 15
Aspecto ao microscópio eletrônico
da grande porosidade do concreto
(P) – aumento de 100x – Elétrons
Secundários. Presença expressiva
de vazios decorrentes de problemas
de adensamento, por vibração
insuficiente, por exemplo, e que pode
resultar em resistência do concreto
abaixo da projetada.
P
P
P
FOTO 16
Aspecto geral do concreto. Observa-
se vazio preenchido por etringita
(E). Lupa estereoscópica, aumento
16x. As acículas de etringita estão
bem cristalizadas e desenvolvidas,
permitindo quase a sua visualização a
olho nu.
E
FOTO 18
Aspecto geral do concreto. Observa-
se o gel (G) da RAA envolvendo o
agregado graúdo fissurado. Lupa
estereoscópica, aumento 16x. Outro
caso de concreto onde a estereoscopia
mostra melhor resolução que o MEV
para um aspecto mais geral do gel da
RAA sobre o agregado e disseminado
na argamassa.
G
FOTO 17
Aspecto geral do concreto. Observa-se
agregado graúdo fissurado (F) pela
RAA. Lupa estereoscópica, aumento 14x.
Caso de concreto onde a estereoscopia
mostra melhor resolução para evidenciar
bordas de reação e fissuração do
agregado graúdo, ocasionado pela
expansão do gel da RAA
F
F
1...,61,62,63,64,65,66,67,68,69,70 72,73,74,75,76,77,78,79,80,81,...100
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