CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 69
vácuo, esse sistema de
sputtering
é
mais eficiente. Além de ouro, alguns
materiais podem necessitar de uma
cobertura adicional com carbono,
obtida no evaporador convencional
de alto vácuo. Após a metalização, a
amostra está pronta para ser exami-
nada no MEV.
ENTENDENDO A
MICROESTRUTURA
DO CONCRETO
O concreto endurecido é um
material relativamente heterogêneo,
formado pela pasta e os agregados
graúdos e miúdos, com presença de
vazios e poros.
Os agregados geralmente são
constituídos por vários minerais ou
componentes mineralógicos, impri-
mindo sua característica polifásica.
Esses são geralmente inertes, mas
pode ocorrer que alguns tipos litoló-
gicos sejam reativos com álcalis, ge-
rando expansão pela formação de gel
e causando fissuração do concreto
(Fotos 3 a 5). Os agregados podem
também conter componentes deleté-
rios, como sulfetos, sulfatos e clore-
tos (Fotos 6 e 7), que podem ser iden-
tificados numa análise por MEV, com
adoção da técnica BSE ou ainda por
técnicas complementares, como mi-
croscopia ótica, por exemplo. A foto
8 exemplifica um caso de concreto
no qual foi utilizado agregado miúdo
contendo sulfatos e proveniente de
região litorânea no Nordeste, onde a
aplicação do MEV mostrou-se eficaz
no reconhecimento da etringita tardia.
A pasta de cimento hidratada é o
elemento que une um agregado ao
outro e apresenta uma diferenciação
quando se aproxima da região do
agregado graúdo, região denomina-
da de zona de transição, um ponto
natural de vulnerabilidade e consti-
tuído por cristais orientados de por-
tlandita. Essa zona de transição varia
de 10 a 50 nm e o uso de adições,
como materiais pozolânicos, escó-
rias de alto forno, sílica ativa, etc.,
resulta numa desejável diminuição.
Por essa razão, novas tecnologias de
desenvolvimento do concreto ado-
tam o estudo de sua microestrutura
como uma das suas ferramentas,
pois esse permite uma caracteriza-
ção detalhada de cada constituin-
te, sua distribuição e sua inter-re-
lação com os demais constituintes.
Mecanismos responsáveis pela re-
sistência mecânica, estabilidade
FOTO 7
Aspecto ao microscópio eletrônico do
concreto, em se observam pequenos
cristais cúbicos (C) sobre material
cristalizado (M) na argamassa. Esses
produtos foram identificados como:
cloreto de cálcio, de carbonato de
cálcio e sulfato de cálcio – aumento
de 10.000x – MEV – Elétrons
Secundários. Caso de concreto no qual
foi utilizado indevidamente como adição
material particulado do processo de
dessulfuração de gases FGD, contendo
sulfitos e cloretos. A cristalização de
cloretos de cálcio hidratado, carbonato
de cálcio e sulfatos de cálcio levou
a microfissuração do concreto e há
potencial para corrosão das armaduras.
C
M
FOTO 8
Aspecto ao microscópio eletrônico
da etringita compactada (E) na
argamassa – aumento de 700x – MEV
- Elétrons Retroespalhados. A feição é
generalizada no concreto com formação
de etringita tardia, mostrando ataque
interno do concreto por sulfatos.
E
E
E
FOTO 9
Aspecto ao microscópio eletrônico dos
produtos de hidratação do cimento
(P) – aumento de 4000x – Elétrons
Secundários. Foto que mostra o concreto
apresentando os produtos correntes
da hidratação da pasta de cimento,
como a portlandita e C-S-H. A presença
expressiva de portlandita é uma indicação
de que o tipo de cimento utilizado
apresenta ausência ou baixa frequência
de escória e materiais pozolânicos.
P
P
FOTO 10
Aspecto ao microscópio eletrônico dos
produtos de hidratação do cimento
– aumento de 4000x – Elétrons
Secundários. Foto que mostra produto
da hidratação bem cristalizado
(tobermorita), em concreto celular
autoclavado, com alta porosidade entre
os cristais (V) e responsável pela baixa
massa específica do material.
P
V