Revista Concreto & Construções - edição 86 - page 66

66 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u
encontros e notícias |
CURSOS
te dendo o concreto
Muito além do controle
tecnológico convencional
do concreto
A
o se estudar a microestru-
tura do concreto endureci-
do a partir de um testemu-
nho extraído de uma estrutura ou peça
estrutural, muitas informações podem
ser conhecidas, como, por exemplo, a
presença de fissuras e microfissuras, a
identificação de compostos correntes
de hidratação da pasta de cimento,
neocompostos formados originados
de reações deletérias, cujos principais
são os ligados à reação álcali-agre-
gado, ao ataque por sulfatos, dentre
outros. Portanto, pode-se fazer diag-
nósticos quanto à qualidade ou com-
portamento do concreto de determi-
nada estrutura e sua interação com o
ambiente, e avaliar se a relação a/c foi
elevada, a compacidade do concreto,
a presença de vazios, etc.
São várias as técnicas aplicadas
no Laboratório de Microestrutura da
ABCP para estudo da microestrutura
do concreto, destacando as análi-
ses petrográficas por microscopias
ótica e estereoscópica, a microsco-
pia eletrônica de varredura, sempre
em conjunto com outras técnicas,
como a difratometria de raios X, aná-
lises químicas por espectrometria
de raios X, análises termodiferencial
e termogravimétrica, etc. Todas es-
sas técnicas analíticas se comple-
mentam e fornecem subsídios para
que um profissional experiente pos-
sa fazer a correta interpretação das
implicações ligadas à microestrutura
do concreto. Muito se questiona se
um estudo da microestrutura pode-
ria fornecer informações ligadas às
propriedades do concreto no esta-
do fresco, como o abatimento do
concreto, por exemplo. A resposta
é sim e não, pois embora não seja
possível fornecer o valor quantitativo
do abatimento, indiretamente pode
se chegar a características que dele
decorrem. Constitui exemplo clássi-
co o fato da pasta de cimento ficar
mais clara com relação a/c mais alta,
em oposição a uma pasta mais escu-
ra, típica de relação a/c mais baixa.
A própria morfologia dos agregados
também constitui indicação, pois
agregados mais arredondados re-
querem menor quantidade de água
do que agregados alongados e la-
melares. Ao contrário, a segregação
pode indicar uma consistência mais
fluida, assim como certa orientação
dos agregados no concreto endure-
cido pode indicar exsudação, com
superfície enriquecida em pasta
de cimento.
Neste artigo dá-se ênfase à micros-
copia eletrônica de varredura (MEV) com
uso do EDS, da sigla em inglês para
Energy Dispersive Spectroscopy
(Es-
pectroscopia por dispersão em energia).
Em linhas gerais, a análise por MEV
conduz ao reconhecimentodas feições
microestruturais e especialmente a
distribuição e morfologia das fases, ao
ARNALDO FORTI BATTAGIN • ANA LÍVIA ZEITUNE DE P. SILVEIRA
A
ssociação
B
rasileira
de
C
imento
P
ortland
(ABCP)
u
Figura 1
Esquema simplificado de microscópio eletrônico de varredura
1...,56,57,58,59,60,61,62,63,64,65 67,68,69,70,71,72,73,74,75,76,...100
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