CONCRETO & Construções | 95
u
pesquisa e desenvolvimento
Concreto autoadensável
em regiões costeiras
de clima quente
1. INTRODUÇÃO
O
concreto
autoadensável
(CAA no Brasil e SCC in-
ternacionalmente) já vem
sendo aplicado há aproximadamente
20 anos e vem se tornando alternativa
tecnicamente viável para aplicação em
lugar do concreto convencional vibrado
(CC). Atualmente, constata-se que os
estudos sobre o SCC avançaram muito
e já é possível responder a quase todas
as indagações acerca do comporta-
mento do SCC frente ao CC, vantagens
e possíveis desvantagens nos aspectos
técnicos de aplicação e utilização.
No entanto, Rich
et al
[1] estuda-
ram a aceitação do SCC entre os em-
presários da construção civil do Reino
Unido e concluíram que as pesqui-
sas, à época, desenvolviam estudos
específicos do material em questão,
sem apresentar outros benefícios e
conceitos aos construtores, a exem-
plo de como, quando e onde aplicar
SCC, importando para a tomada de
decisão dentro do planejamento do
processo, bem como o tempo de
construção. Ou seja, o SCC deveria
ser visto como um método e não ape-
nas como mais um material.
Para os construtores aplicarem
SCC nas suas obras, o tempo dis-
ponível entre o início da mistura e a
conclusão do adensamento nas fôr-
mas, quando então se inicia a cura,
representa um importante desafio a
ser atendido. O SCC, para a manu-
tenção da autoadensabilidade, ne-
cessita atender os requisitos de flui-
dez, capacidade de preenchimento,
capacidade de passagem e resistên-
cia à segregação. O tempo inicial de
pega, juntamente com a consistência
e coesividade do concreto fresco,
determinam o tempo de duração em
que a mistura permanece num perío-
do de dormência, plástica e trabalhá-
vel, podendo ser manuseada e aplica-
da no canteiro de obra. Para regiões
com clima seco e temperatura mais
elevada, caso da região de Recife
(Pernambuco, Brasil), o tempo dis-
ponível para aplicação do SCC fresco
pode ser reduzido com relação a ou-
tros tipos de regiões [2].
O CAA obtido na região de Recife
provém de composições que asso-
ciam conteúdo de adições minerais
com os aditivos plastificantes. Os
plastificantes são aditivos redutores
de água e modificadores de viscosi-
dade, enquanto que os superplastifi-
cantes têm efeitos sobre a dispersão
de partículas de cimento por meio de
repulsão estérica e/ou eletrostática,
com características de elevada redu-
ção de água. A adsorção do aditivo
pode estender a manutenção da flui-
dez através da dispersão das partícu-
las de cimento, mas a concentração
de íons sulfato, proveniente do gipsita
que controla a pega do cimento, na
solução pode ajudar a reduzir a in-
tensidade desse efeito estérico do
polímero. A temperatura mais eleva-
da provoca rápida taxa de hidratação
inicial, conduzindo a uma distribuição
não uniforme dos produtos de hidra-
tação dentro da pasta. Então, o con-
creto aplicado e curado a alta tem-
peratura endurece mais rápido, mas
apresenta resistências menores em
relação aos aplicados e curados em
temperaturas mais baixas. [2,3,4].
A durabilidade do concreto sofre
influências adversas que envolvem o
transporte de fluidos e gases através
dos poros do concreto, além de outros
fatores, como relação água/cimen-
to, temperatura, grau de hidratação,
CARLOS F. A. CALADO – D
outorando
| AIRES CAMÕES – P
rofessor
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CTAC, U
niversidade
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PAULO HELENE – P
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(USP)