86 | CONCRETO & Construções | Ed. 94 | Abr – Jun • 2019
forma irregular. Testes destrutivos mos-
traram que a camada mais externa das
armaduras chegava a ter uma espessu-
ra de cobrimento menor que 13 mm.
Combinando a alta permeabilidade,
o baixo cobrimento e quase 60 anos de
processo de carbonatação que, con-
forme mostrado na Figura 2, tinha con-
taminado o concreto a profundidades
de 3 a 4 polegadas (76 a 102 mm), se
desenvolveu um ambiente muito favo-
rável à corrosão de armaduras. Para se
ter uma ideia, havia uma área de mais
de 23.000 m² de concreto com des-
placamentos e armaduras expostas,
como a da Figura 3.
3. DESAFIOS
A restauração do Edifício Pentágono
Americano foi bastante desafiadora,
com critérios e especificações bem de-
finidos. Os principais desafios encon-
trados foram:
u
O Programa de Renovação do Pen-
tágono determinou que a vida útil
mínima da reabilitação deveria ser
de 50 anos;
u
Desejável que as empresas envol-
vidas assinassem em conjunto uma
garantia de 20 anos;
u
O projeto deveria atender às diretri-
zes técnicas do Instituto Internacio-
nal de Reparos em Concreto (ICRI);
u
O resultado deveria parar ou reduzir
a corrosão existente e prevenir no-
vas ocorrências;
u
O Pentágono continuaria funcio-
nando durante a execução, o que
limitava os locais e horários de
trabalho;
u
Trabalhos barulhentos poderiam ser
feitos somente no turno noturno;
u
Após finalizado o trabalho, a apa-
rência original de cor e textura
deveria ser modificada o mínimo
possível, com preferência que se
mantivesse idêntica;
u
Uma pessoa olhando a uma dis-
tância de 9 metros não deveria
perceber que houve um reparo nas
paredes de concreto, ou seja, a su-
perfície deveria ficar uniforme;
u
Determinação de que a restauração
deveria recuar as armaduras para
atender ao novo cobrimento mínimo
de 38 mm.
Por conta desses desafios, programa
de reabilitação ou restauração usualmen-
te existente não funcionaria neste caso.
Foi preciso criar um projeto totalmente
inovador que se adaptasse aos desafios
de execução e de desempenho.
4. RESTAURAÇÃO
O programa de restauração nas
paredes de concreto teve abrangência
em mais de 93.000 m² de superfície,
que tinha mais de 23.000 m² de áreas
com desplacamentos por conta da cor-
rosão de armaduras. Para contornar as
restrições de trabalho e dificuldades de
acesso, os trabalhos barulhentos foram
feitos à noite, enquanto a colocação de
formas e as concretagens eram feitas
de dia, ganhando em agilidade e per-
mitindo a utilização dos mesmos andai-
mes, apresentados na Figura 4, para as
duas equipes.
Para atender às especificações da
restauração, dentre elas a de que a su-
perfície deveria manter o aspecto origi-
nal e de que não fossem percebidos os
reparos a uma distância de 9 metros,
o empreiteiro utilizou o mesmo siste-
ma de formas serradas grosseiramente
u
Figura 2
Aspersão de fenolftaleína
para avaliação da profundidade
de carbonatação
u
Figura 3
Armaduras expostas
e desplacamentos
u
Figura 4
Sistema de andaimes
u
Figura 5
Sistema de formas de tábuas
utilizado para que a superfície
fosse similar à original