 
          94  |  CONCRETO & Construções  |  Ed. 94  |  Abr – Jun • 2019
        
        
          de intercalar o cálcio (Ca
        
        
          2+
        
        
          ) por íons de
        
        
          sódio (Na
        
        
          +
        
        
          ) ou potássio (K
        
        
          +
        
        
          ), de forma
        
        
          mais versátil e facilmente obtida, pro-
        
        
          porcionando ao novo aditivo cristalino
        
        
          maior capacidade para a cristalização.
        
        
          Há também maior poder de disper-
        
        
          são das partículas do aditivo cristalino
        
        
          através da porosidade do concreto.
        
        
          Nesse processo, o novo aditivo cris-
        
        
          talino precipita uma reação química
        
        
          para provocar um efeito de dissolução
        
        
          e recristalização dos subprodutos da
        
        
          hidratação do cimento, formando uma
        
        
          nova estrutura de cristais não solúveis
        
        
          de silicato de cálcio hidratado (C-S-H),
        
        
          etringita (C
        
        
          6
        
        
          ASH
        
        
          32
        
        
          ) e carbonato de cál-
        
        
          cio (CaCO
        
        
          3
        
        
          ), profundamente alocada
        
        
          nas fissuras e porosidade do concreto,
        
        
          conforme Fig. 5.
        
        
          A partícula cristalina de carbonato
        
        
          mais porosa do aditivo cristalino pode
        
        
          ser impregnada com uma solução
        
        
          de sais de flúor, fósforo e magnésio.
        
        
          Com a presença de umidade, os sais
        
        
          de flúor difundem-se na matriz fissu-
        
        
          rada para formar íons fluoreto. Estes
        
        
          íons reagem com produtos da hidra-
        
        
          tação C-S-H e CH e da carbonatação
        
        
          (CaCO
        
        
          3
        
        
          ) para formações amorfas mais
        
        
          estáveis, análogas à
        
        
          apatita
        
        
          (CaF
        
        
          2
        
        
          ),
        
        
          resultando em uma matriz mais densa
        
        
          e mais resistente a ácidos, dentro de
        
        
          uma faixa ampla de pH de 3 a 11, e
        
        
          de cristais análogos à
        
        
          enstatita
        
        
          (Mg-
        
        
          SiO
        
        
          3
        
        
          ), que são bastante estáveis em
        
        
          larga faixa de temperatura permanen-
        
        
          te a partir de -32°C até +130°C.
        
        
          Essa estrutura cristalina integral
        
        
          preenche profundamente os poros e
        
        
          as fissuras, tornando o concreto im-
        
        
          permeável e protegido quimicamente.
        
        
          Agentes de cura química à base de
        
        
          fluorsilicatos de magnésio (MgSiF
        
        
          6
        
        
          ) e
        
        
          ácido málico (C
        
        
          4
        
        
          H
        
        
          6
        
        
          O
        
        
          5
        
        
          com duas termi-
        
        
          nações –COOH
        
        
          –
        
        
          ) são utilizados para
        
        
          acelerar o processo de cristalização
        
        
          e, também, como inibidores de eva-
        
        
          poração, pois cada molécula de Mg-
        
        
          SiF
        
        
          6
        
        
          retém 300 moléculas de água.
        
        
          A terceira geração do aditivo cris-
        
        
          talino (3G) incorpora agentes químicos
        
        
          expansores à base de sulfoalumina-
        
        
          to de cálcio (CSA) ao aditivo cristalino
        
        
          2G, de modo a obter uma capacidade
        
        
          aprimorada de autocicatrização “enge-
        
        
          nheirada” para fissuras com aberturas
        
        
          maiores que 0,4. Produtos de cicatriza-
        
        
          ção no interior das fissuras foram ana-
        
        
          lisados usando microscópio eletrônico
        
        
          de varredura ambiental (ESEM), equipa-
        
        
          dos com EDS. Os resultados da análise
        
        
          química mostraram que os produtos de
        
        
          autocicatrização são compostos por
        
        
          CaCO
        
        
          3
        
        
          , C-S-H e etringita. A proporção
        
        
          dos compostos minerais cicatrizados
        
        
          depende da condição de exposição na
        
        
          cura e do tipo de materiais cimentícios
        
        
          utilizados. Condições de exposições de
        
        
          cura em ciclos úmidos / secos mostra-
        
        
          ram a melhor recuperação mecânica,
        
        
          enquanto a condição de cura somente
        
        
          aérea não contribuiu com um fenôme-
        
        
          no visível de cicatrização
        
        
          Estruturas expostas a meios aquo-
        
        
          sos agressivos, que contêm micror-
        
        
          ganismos, podem sofrer deterioração
        
        
          na matriz de cimento com a produ-
        
        
          ção de ácidos biogênicos agressivos
        
        
          e, também, através da formação de
        
        
          um biofilme na superfície. Mas, esses
        
        
          fenômenos de corrosão induzida por
        
        
          microorganismos (MIC) ainda não fo-
        
        
          ram completamente compreendidos.
        
        
          A quarta geração do aditivo cris-
        
        
          talino (4G) adiciona propriedades an-
        
        
          timicrobianas ao aditivo cristalino 3G.
        
        
          Através de um mecanismo eletrofísi-
        
        
          co, baseado em uma nova química de
        
        
          “organosilano”, o aditivo cristalino 4G
        
        
          se liga de forma molecular aos produ-
        
        
          tos de hidratação de cimento e rompe
        
        
          a membrana celular de bactérias aeró-
        
        
          bicas (
        
        
          Escherichia coli
        
        
          e
        
        
          Staphylococ-
        
        
          cus aureus
        
        
          ) e anaeróbicas (
        
        
          Thiobacilus
        
        
          novellus
        
        
          e
        
        
          Thiobacilus concretivo-
        
        
          rus
        
        
          ). A eficácia pode ser comprovada
        
        
          através da metodologia modificada
        
        
          ISO 22.196 – “Medição da atividade
        
        
          antibacteriana em plásticos e outras
        
        
          superfícies não porosas”. A forma-
        
        
          ção deste biofilme sobre o concreto
        
        
          autocicatrizante do aditivo cristalino
        
        
          4G antimicrobiano pode atuar como
        
        
          uma camada protetora contra a de-
        
        
          terioração biológica. Antes do encer-
        
        
          ramento do Comitê Técnico 221-SHC
        
        
          - “Fenômenos de autocicatrização em
        
        
          materiais à base de cimento”, foi cria-
        
        
          do, em 2013, o Comitê Técnico 253-
        
        
          MCI da RILEM - “Interações entre mi-
        
        
          croorganismos e materiais à base de
        
        
          cimento”. O objetivo foi preencher a
        
        
          lacuna do conhecimento da interação
        
        
          das bactérias com os concretos auto-
        
        
          cicatrizantes e o estudo da biorecep-
        
        
          tividade dos biofilmes formados sobre
        
        
          este tipo de concreto.
        
        
          
            5. PROGRAMA EXPERIMENTAL
          
        
        
          O estudo de TAKAGI
        
        
          et al.
        
        
          (1996)
        
        
          investigou os efeitos após 1 ano da
        
        
          aplicação do aditivo cristalino no lado
        
        
          inferior do pavimento em concreto
        
        
          armado de uma ponte rodoviária que
        
        
          u
        
        
          
            Figura 6
          
        
        
          Fissuração intensa vista pelo
        
        
          lado inferior do pavimento em
        
        
          concreto, com aberturas entre
        
        
          0,1 a 0,2 mm
        
        
          
            Fonte:
          
        
        
          TAKAGI,
        
        
          
            et al.
          
        
        
          , 1996