 
          CONCRETO & Construções  |  Ed. 94 |  Abr – Jun • 2019  |   93
        
        
          inaugurada em 13 de maio de 1926.
        
        
          Durante as obras de restauração da
        
        
          Ponte Hercílio Luz, em 2018, foi re-
        
        
          alizado o processo de instalação das
        
        
          novas rótulas do lado insular, sendo
        
        
          esse um passo fundamental para dei-
        
        
          xar a ponte segura. As rótulas que
        
        
          ligam as torres com os blocos de
        
        
          fundação permitem a movimentação
        
        
          da ponte devido ao efeito da variação
        
        
          de temperatura. Após esse processo,
        
        
          foram instaladas 16 barras de olhais
        
        
          junto à torre insular e a concretagem
        
        
          do piso final da pista de rolamento,
        
        
          sobre o tabuleiro do viaduto, por onde
        
        
          passarão os veículos após a entrega
        
        
          da obra.
        
        
          Ao todo, a ponte recebeu cerca de
        
        
          2 mil toneladas de metal novo, o que
        
        
          representa aproximadamente 40% do
        
        
          peso da atual estrutura, para retornar
        
        
          à ao seu desempenho original. Para
        
        
          suportar a nova carga, os blocos de
        
        
          fundação foram reforçados com con-
        
        
          creto dosado com aditivo cristalino,
        
        
          com objetivo de reduzir riscos de fis-
        
        
          suras, e evitar o acesso de água, re-
        
        
          duzindo riscos de reações deletérias
        
        
          (Fig. 3).
        
        
          
            4. A EVOLUÇÃO DO
          
        
        
          
            ADITIVO CRISTALINO
          
        
        
          O aditivo cristalino consiste em
        
        
          uma mistura de cimento, areia e par-
        
        
          tículas cristalinas ativas de sílica e de
        
        
          carbonato. As partículas ampliadas
        
        
          em microscopia eletrônica de varre-
        
        
          dura (SEM) têm formas irregulares e
        
        
          tamanhos de cerca de 1 a 20 μm, e
        
        
          sua morfologia é semelhante à dos
        
        
          grãos de cimento. A análise de es-
        
        
          pectroscopia de raios X por dispersão
        
        
          em energia (EDS) confirma a presença
        
        
          de cálcio, oxigênio, silício, magnésio,
        
        
          alumínio e potássio. Este espectro é
        
        
          comparável ao de um cimento Por-
        
        
          tland comum, com exceção do pico
        
        
          de enxofre levemente maior.
        
        
          Inicialmente, na primeira geração
        
        
          do aditivo cristalino mineral, estes
        
        
          eram constituídos de partículas cris-
        
        
          talinas muito finas, hidraulicamente
        
        
          inativas e não pozolânicas, de síli-
        
        
          ca (teor de SiO
        
        
          2
        
        
          cristalina maior que
        
        
          99% e superfície específica Blaine de
        
        
          4.000 cm
        
        
          2
        
        
          /g) e de carbonato (teor de
        
        
          CaCO
        
        
          3
        
        
          cristalino maior que 95% e
        
        
          Blaine de 3.500 cm
        
        
          2
        
        
          /g), sendo utiliza-
        
        
          das apenas como
        
        
          fillers
        
        
          para controlar
        
        
          a exsudação em concretos com baixo
        
        
          consumo de cimento. Estudos mos-
        
        
          traram que essas partículas cristalinas
        
        
          de sílica e carbonato possuem mui-
        
        
          tas propriedades físicas e químicas
        
        
          surpreendentemente semelhantes à
        
        
          química dos “argilominerais”.
        
        
          Ambas as partículas cristalinas
        
        
          de sílica (com carga eletrostática ne-
        
        
          gativa) e de carbonato (com carga
        
        
          eletrostática positiva) estimulam di-
        
        
          retamente as reações de hidratação,
        
        
          por constituírem centros de nuclea-
        
        
          ção para o hidróxido de cálcio (CH),
        
        
          agindo como “cristais-semente”. O
        
        
          resultado é uma camada dupla difusa
        
        
          de íons em razão do aumento do po-
        
        
          tencial Zeta das cargas eletrostáticas
        
        
          de íons positivos (Ca
        
        
          2+
        
        
          ) e íons nega-
        
        
          tivos (OH
        
        
          -
        
        
          ), originadas da hidratação
        
        
          do grão de cimento Portland e adqui-
        
        
          ridas pelas partículas conforme a hi-
        
        
          dratação avança, com o consequente
        
        
          aumento da floculação e da taxa de
        
        
          precipitação de cristais de portlandita
        
        
          (CH), gel de silicato de cálcio hidrata-
        
        
          do (C-S-H) e das fases etringita (AFt)
        
        
          e monossulfoaluminato (AFm), confor-
        
        
          me diagrama traduzido de RAHHAL
        
        
          (2012) e mostrado na Fig. 4.
        
        
          A segunda geração do aditivo cris-
        
        
          talino, avança com a incorporação de
        
        
          ácidos carboxílicos (-COOH
        
        
          –
        
        
          ) sobre
        
        
          a camada dupla difusa de nuvens de
        
        
          íons positivo (Ca
        
        
          2+
        
        
          ) e íons negativo
        
        
          (OH
        
        
          -
        
        
          ), em torno da estrutura do aditi-
        
        
          vo cristalino de primeira geração. Essa
        
        
          inovação resultou em aumento signi-
        
        
          ficativo do potencial Zeta das cargas
        
        
          eletrostáticas, aumentando a capa-
        
        
          cidade de dupla troca catiônica dos
        
        
          seus íons. Estes, agora, são capazes
        
        
          u
        
        
          
            Figura 4
          
        
        
          Diagrama da hidratação do
        
        
          cimento Portland estimulado
        
        
          por partículas cristalinas de
        
        
          sílica e de carbonato (adaptado
        
        
          de Rahhal
        
        
          
            et al.
          
        
        
          , 2012)
        
        
          u
        
        
          
            Figura 5
          
        
        
          Mecanismo do aditivo de
        
        
          cristalização e de dispersão, que
        
        
          provoca um efeito de dissolução
        
        
          e recristalização dos subprodutos
        
        
          da hidratação do cimento
        
        
          profundamente nas fissuras
        
        
          e porosidade do concreto