 
          CONCRETO & Construções  |  Ed. 94 |  Abr – Jun • 2019  |   91
        
        
          mesoestrutura de pontes e viadutos,
        
        
          que é o foco principal deste artigo.
        
        
          
            2. IMPERMEABILIZAÇÃO
          
        
        
          
            INTEGRAL POR CRISTALIZAÇÃO
          
        
        
          Este artigo apresenta o concreto
        
        
          autocicatrizante “engenheirado”, que
        
        
          possui capacidade de autocicatriza-
        
        
          ção autônoma, potencializadora do
        
        
          mecanismo de colmatação natural
        
        
          do concreto, por meio de um aditivo
        
        
          cristalino que ativa os componentes
        
        
          presentes na dosagem do concreto,
        
        
          como os cimentos e as adições mine-
        
        
          rais. Este método tem capacidade de
        
        
          reparar fissuras passivas com abertu-
        
        
          ra de até 0,5 mm.
        
        
          Os aditivos cristalizantes modernos,
        
        
          em sua quarta geração, pertencem à
        
        
          categoria de aditivos impermeabilizan-
        
        
          tes redutores da porosidade do con-
        
        
          creto, são amplamente empregados
        
        
          no mercado de produtos químicos
        
        
          da construção, sendo classificados
        
        
          como
        
        
          Permeability-Reducing Admixtures
        
        
          exposed to Hydrostatic conditions
        
        
          (PRAH), segundo a recomendação téc-
        
        
          nica americana ACI 212.3R-10 “Relatório
        
        
          sobre Aditivos Químicos para Concreto”.
        
        
          O consenso alcançado sobre o
        
        
          concreto autocicatrizante (CAC) entre
        
        
          a comunidade internacional resultou
        
        
          no relatório de estado da arte da RI-
        
        
          LEM “Fenômeno de autocicatrização
        
        
          em materiais à base de cimento”,
        
        
          publicado pelo Comitê Técnico 221-
        
        
          SHC, criado em 2005. Nele, distin-
        
        
          gue-se o mecanismo da colmatação
        
        
          “autógena” (ou natural), como sendo
        
        
          o fechamento de fissuras devido ao
        
        
          próprio  concreto, e a autocicatriza-
        
        
          ção “autônoma” (ou de engenharia),
        
        
          como sendo o conjunto do selamen-
        
        
          to de fissuras e da restauração de
        
        
          propriedades mecânicas e de per-
        
        
          meabilidade, devido tanto ao próprio
        
        
          concreto quanto à ação positiva de
        
        
          alguma adição “de engenharia”, como
        
        
          os materiais cimentícios suplementa-
        
        
          res, fibras e os aditivos cristalinos.
        
        
          O fenômeno da colmatação au-
        
        
          tógena de fissuras em concreto já
        
        
          teria sido reportado pela Academia
        
        
          Francesa de Ciências em 1836, sen-
        
        
          do atribuído à transformação do hi-
        
        
          dróxido de cálcio (Ca(OH)
        
        
          2
        
        
          ) em cris-
        
        
          tais de carbonato de cálcio (CaCO
        
        
          3
        
        
          )
        
        
          como consequência da sua exposi-
        
        
          ção ao dióxido de carbono (CO
        
        
          2
        
        
          ) na
        
        
          atmosfera. Mais tarde, também foram
        
        
          observadas muitas fissuras cicatriza-
        
        
          das preenchidas com cristais de sili-
        
        
          cato de cálcio hidratado (C-S-H), de
        
        
          etringita (C
        
        
          6
        
        
          ASH
        
        
          32
        
        
          ) e de carbonato de
        
        
          cálcio (CaCO
        
        
          3
        
        
          ) devido ao mecanismo
        
        
          da autocicatrização por hidratação
        
        
          contínua de partículas não hidratadas
        
        
          de cimento e adições minerais, como
        
        
          cinzas volantes (CV) e escória de alto
        
        
          forno (EAF) residuais.
        
        
          Na última década, uma grande
        
        
          quantidade de artigos de pesquisa
        
        
          dedicou-se à autocicatrização autô-
        
        
          noma “engenheirada”, em diferentes
        
        
          aspectos de investigação, tais como,
        
        
          como a autocicatrização atua com
        
        
          reforço de fibras, autocicatrização
        
        
          produzida por bactérias produtoras
        
        
          de minerais, autocicratização por
        
        
          polímero superabsorvente, por agen-
        
        
          te cicatrizante contido em cápsulas
        
        
          e, atualmente, por adição de aditivo
        
        
          cristalino especialmente desenvolvido
        
        
          para esse fim.
        
        
          Como relatado, há várias pesqui-
        
        
          sas e estudos que demonstra a via-
        
        
          bilidade e utilidade do emprego de
        
        
          aditivos cristalizantes adicionados
        
        
          na massa do concreto, para uso em
        
        
          obras e estruturas novas. Sua prin-
        
        
          cipal função é reduzir o ingresso de
        
        
          águas agressivas e colmatar peque-
        
        
          nas fissuras. Com isso, reduzem
        
        
          substancialmente o risco de reações
        
        
          deletérias, pois todas elas (AAR,
        
        
          sulfatos, carbonatação e cloretos)
        
        
          u
        
        
          
            Figura 1
          
        
        
          Excecução de laje de subpressão em edificação mista (residencial e
        
        
          comercial), composta de três subsolos com forte presença do lençol freático,
        
        
          localizada no primeiro bairro ecológico do Brasil – setor noroeste
        
        
          em Brasília – DF,
        
        
          Soul Housing & Shopping