CONCRETO & Construções | Ed. 94 | Abr – Jun • 2019 | 87
utilizado na construção original do Pen-
tágono, sistema demonstrado na Figu-
ra 5. Ainda, o fornecedor de material
desenvolveu junto ao empreiteiro dois
traços de concreto para os reparos lo-
calizados que teriam a mesma aparên-
cia e resistência do material existente,
um para grandes áreas, onde o con-
creto seria bombeado, e outro para pe-
quenas áreas, que seriam concretadas
manualmente.
Os reparos localizados consis-
tiram em escarificar o concreto até
uma profundidade que liberasse com-
pletamente toda a superfície das ar-
maduras para limpeza nas áreas onde
o concreto estava com desplacamen-
tos, fissuras ou não apresentava mais
uma boa aderência, exemplificados
pela Figura 6. Feito isso, as armadu-
ras foram limpas por meio de jatea-
mento de areia, as que tiveram perda
de seção foram substituídas e as que
tinham cobrimento inferior ao da es-
pecificação da restauração tiveram o
concreto à sua volta demolido, de for-
ma que permitisse recuar as armadu-
ras para atender à nova determinação
de cobrimento mínimo de 38 mm.
Embora o novo cobrimento de-
sempenhe papel importante para
aumento da vida útil da estrutura,
não seria o bastante para atender
à exigência de vida útil mínima de
50 anos após a restauração. Dessa
forma, com intuito de fornecer uma
proteção adicional às armaduras, um
sistema de proteção foi especifica-
do buscando neutralizar ou reduzir
a corrosão e evitar sua reincidência.
O escolhido sistema protetivo
consistiu na utilização de um inibidor
de corrosão aplicado na superfície,
que deveria penetrar e proteger as
armaduras, além de um de revesti-
mento composto por dois diferentes
materiais aplicados posteriormente.
A especificação do inibidor de corro-
são deveria atentar ao fato de que o
problema em questão era a corrosão
por carbonatação.
Foi escolhido um inibidor migra-
tório de corrosão à base de carboxi-
latos de amina e amino-álcoois, para
proteção das armaduras no edifício
Pentágono, por conta de sua capa-
cidade de proteger as armaduras e
reduzir as taxas de corrosão em um
concreto carbonatado. Este tipo de
inibidor migratório de corrosão é apli-
cado na superfície externa e penetra
no concreto como um líquido através
da capilaridade e, uma vez dentro do
concreto, as moléculas do inibidor
têm pressão de vapor, possibilitando
que, através do processo de difusão,
elas migrem das áreas de alta para
as de baixa concentração.
Uma vez próximas das armadu-
ras, as moléculas deste tipo de inibi-
dor têm atração física ao metal. Isso
faz com que a armadura seja com-
pletamente envolvida por uma cama-
da monomolecular de íons catódicos
e anódicos do material, formando
um filme protetor hidrofóbico. Ainda,
a redução na velocidade de corrosão
se justifica também pelo aumento da
resistência à polarização linear que
este tipo de inibidor de corrosão gera
na armadura, comprovado pelo teste
da norma ASTM G-180.
Uma vez aplicado o inibidor na
superfície, foi desenvolvido e aplica-
do um sistema de revestimento com-
posto de 2 diferentes materiais, a fim
de evitar o futuro ingresso de dióxido
de carbono e umidade. Para reduzir
a absorção e repelir a água, um hi-
drofugante com 100% de sólidos à
base de silano foi escolhido, porém,
silano é apenas hidro-repelente e
não é resistente a raios ultravioleta.
Para atender ao requisito míni-
mo de 50 anos de durabilidade, uma
solução mais durável e que resistis-
se aos raios ultravioletas seria ne-
cessária, por isso um revestimento
composto por silicato de potássio
foi escolhido para ser aplicado por
cima do hidrofugante à base de si-
lano, por ter altíssima durabilidade e
por também ser resistente à água.
Juntando o silicato de potássio e o
silano, a água não penetra no con-
creto e, ainda, com os pigmentos
u
Figura 6
Escarificação do
concreto contaminado
u
Figura 7
Ligação com armadura e janela
de inspeção sem revestimento