Revista Concreto & Construções - edição 90 - page 19

CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 19
Essa é a diferença. É stricto sensu
porque envolve pesquisa e produz
conhecimento. O aluno pode fazer
doutorado depois. Analisando
friamente, percebe-se que a maioria
dos mestrados na engenharia civil
tem a visão profissional. A maioria
das dissertações de mestrado
na área de engenharia, mesmo
sendo acadêmicas, têm essa visão
de problemas práticos pontuais.
Então, o mestrado profissional é
um mestrado de fato stricto sensu,
procurando estar mais próximo dos
problemas da sociedade.
IBRACON
– O B
rasil
investe
muito
pouco
em
pesquisa
científica
,
ainda
mais
no
cenário
econômico
atual
de
recente
saída
de
crise
econômica
.
Q
uais
suas
propostas
para
que
as
pesquisas
na
universidade
tenham
maior
autonomia
e
não
sejam
descontinuadas
?
V
ahan
A
gopyan
– Houve, do meu
ponto de vista, falta de planejamento
e distorções, na qual o Programa
Ciência sem Fronteiras drenou
recursos que deveriam ter ido
para a pesquisa. Eu diria que as
universidades sediadas no Estado
de São Paulo não tiveram redução
significativa em suas atividades
de pesquisa porque temos uma
situação privilegiada com a Fapesp.
Sentiu-se um pouco, porque os
recursos federais, principalmente da
Capes, são muito importantes para
a manutenção da pós-graduação.
Por isso, tivemos que recorrer a
outros meios. Quem trabalhou de
forma integrada com a sociedade,
governos, empresas e organizações
não governamentais conseguiu
recursos externos.
Preocupante é o fato que, com o
desmantelamento de um grupo de
pesquisa, sua remontagem não é
instantânea. Nas universidades do
exterior, quando uma nova equipe
é montada, as engrenagens
demoram alguns anos para
entrarem nos eixos.
IBRACON
– N
o
âmbito
de
S
ão
P
aulo
e
da
USP,
o
senhor
pretende
adotar
alguma
política
de
maior
aproximação
entre
faculdades
e
institutos
?
V
ahan
A
gopyan
– Esse intercâmbio
já existe, variando conforme a
posição e as necessidades. Nosso
intercâmbio com o Instituto Butantan,
por exemplo, foi ampliado nos
últimos anos graças às parcerias
de pesquisadores nos estudos
de doenças como dengue e as
decorrentes do zika vírus. Os últimos
diretores do Butantan eram todos
da USP, como também os do IPT
e do IPEN. Oferecemos, inclusive,
programas de pós-graduação
conjuntos. E essa integração
tende a aumentar, visto que há a
necessidade de as universidades
e os institutos estarem cada vez
mais preparados e integrados para
atenderem às demandas
da sociedade.
IBRACON
– U
m
dos
temas
de
suas
pesquisas
é
o
da
sustentabilidade
na
construção
. Q
uais
trabalhos
você
como
promissores
nesta
temática
?
P
or
quê
? A USP
tem
integrado
esses
grupos
de
pesquisa
?
V
ahan
A
gopyan
– Ponto marcante
nesta questão da sustentabilidade foi
a redução de resíduos, não apenas
entulhos, mas os incorporados
na construção, como espessuras
exageradas de revestimentos para
acertar prumo, ou enchimentos
desnecessários em lajes, quebra de
componentes por falta de modulação
e a ausência de reaproveitamento
de resíduos para a produção
de materiais. Segundo aspecto
importante foi a redução de energia
para a produção de materiais e a
otimização em torno dos projetos
para evitar quebras, cortes etc.
Hoje, o foco é utilizar os conceitos
de economia circular. Essa é uma
tendência nova na construção civil.
Isso significa que o resíduo de um
é a matéria-prima de outro. É a
economia circular: se reaproveita
tudo e, assim, se diminui a geração
de resíduos em geral. Esta é a
indústria que mais utiliza matéria-
prima, a que mais interfere no meio
ambiente, porém também é aquela
que pode melhorar os desmandos
da natureza. Sustentabilidade é
um conceito que incorpora, além
do meio ambiente, as questões
econômicas e sociais. Portanto,
é um tripé importante que precisa
HOJE, O FOCO É UTILIZAR OS CONCEITOS DE ECONOMIA
CIRCULAR. ESSA É UMA TENDÊNCIA NOVA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL. ISSO SIGNIFICA QUE O RESÍDUO
DE UM É A MATÉRIA-PRIMA DE OUTRO
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