Revista Concreto & Construções - edição 90 - page 16

16 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
NOSSOS ENGENHEIROS TÊM DE SER PREPARADOS
E FORMADOS PARA PODER ABSORVER, ASSIMILAR
E, MAIS AINDA, DESENVOLVER NOVAS
METODOLOGIAS DE TRABALHO
IBRACON
– M
as
tal
crítica
parece
destacar
o
fato
do
aluno
não
conseguir
aplicar
os
conceitos
teóricos
ensinados
.
V
ahan
A
gopyan
– É importante que o
aluno entenda o conceito teórico. Por
exemplo: não adianta treinar o aluno
para fazer dosagem de concreto hoje
porque ao se formar, certamente,
as metodologias de dosagem serão
outras. O que importa é ensinar
qual é a lógica da dosagem do
concreto, mostrar a importância da
porosidade na resistência e para a
viscosidade do material. Explicando
os conceitos ao aluno, mesmo
modificando a metodologia, ele vai
entender a lógica do funcionamento
da dosagem. O problema é quando
o aluno não entende a razão de estar
estudando porosidade do concreto.
Nos cursos de engenharia que
conheço são oferecidos bons
embasamentos. Os engenheiros
brasileiros das boas escolas têm
uma formação muito sólida, em
comparação com as congêneres
internacionais. Por exemplo, entre
os alunos da Poli, 20% fazem
intercâmbio no exterior, tendo
desempenho acima da média dos
alunos estrangeiros.
IBRACON
– O
que
pretende
fazer
para
impulsionar
a
modernização
dos
cursos
de
graduação
na
USP?
V
ahan
A
gopyan
– Todas as boas
escolas de engenharia no mundo
estão continuamente revendo seus
currículos e suas metodologias.
Essa é uma tarefa contínua. O
grande desafio é prever como
serão as tendências futuras e
como preparar os jovens para
esse cenário. Na Poli, aprendi os
métodos de cálculo de pórticos, que
eram tradicionais na engenharia.
Com o advento dos pequenos
computadores, esses métodos
deixaram de ser adequados. Mas,
como eu tinha sido preparado para
entender a lógica de como se faz
o cálculo, a lógica do método de
Cross, me adequei facilmente ao
cálculo com outro método numérico.
Nossos engenheiros têm de ser
preparados e formados para poder
absorver, assimilar e, mais ainda,
desenvolver novas metodologias
de trabalho.
IBRACON
– Q
ual
é
o
futuro
dos
cursos
de
E
ngenharia
C
ivil
,
considerando
o
mercado
de
trabalho
oscilante
por
conta
de
crises
econômicas
periódicas
e
da
tendência
de
fusões
e
aquisições
pelas
empresas
estrangeiras
no
setor
construtivo
brasileiro
?
V
ahan
A
gopyan
– A engenharia é
globalizada. Nosso engenheiro tem
que competir globalmente. Seu
concorrente não é o colega formado
por outra faculdade ou do outro
lado da cidade. Seu concorrente
pode estar na Índia, na China, nos
Estados Unidos ou na Espanha. O
fato de a engenharia e a tecnologia
terem muitas peculiaridades
culturais não dificulta nada. Posso
ir para a Coréia e, em algumas
semanas, assimilo a cultura, os
materiais e metodologias locais.
Fachada da Reitoria da USP
CECÍLIA BASTOS
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