18 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO É PESADO. O MARCO REGULATÓRIO
EM SI AJUDA A INTEGRAÇÃO COM A EMPRESA, MAS É PRECISO
TER UM PLANEJAMENTO PARA O EMPRESÁRIO TER A SEGURANÇA
PARA FAZER O INVESTIMENTO NA INOVAÇÃO
“
“
se consegue rapidamente passar do
conhecimento à prática, porque se
trabalha junto com a empresa.
IBRACON
– Q
uais
políticas
são
necessárias
para
que
a
produção
acadêmica
chegue
ao
mercado
e
à
sociedade
?
V
ahan
A
gopyan
– A política
de inovação recentemente
regulamentada é muito boa. Seria
suficiente se houvesse, da parte
do governo, um planejamento
econômico de médio e longo prazos.
O Brasil não tem um planejamento
de ações há muito tempo. Enquanto
isso não acontecer, as empresas
continuarão se sentindo inseguras
para investir. Investimento em
inovação é pesado. O marco
regulatório em si ajuda a integração
com a empresa, mas precisa ter um
incentivo efetivo. É preciso ter um
planejamento para o empresário ter a
segurança para fazer o investimento
na inovação.
IBRACON
– V
ocê
concorda
com
a
tese
de
que
a
engenharia
civil
é
a
área
que
menos
emprega
tecnologia
dentre
as
engenharias
?
V
ahan
A
gopyan
– Não, porque a
engenharia civil utiliza muitos materiais,
com muita tecnologia embutida.
A engenharia civil não é apenas o
que se faz no canteiro de obras.
Minha geração assistiu a verdadeiras
revoluções na engenharia civil. A área
de projetos foi revolucionada com a
mudança nas diretrizes de projeto.
Antes todo projeto levava em conta
embasamentos empíricos. Hoje, os
projetos de engenharia civil levam em
conta uma abordagem probabilística.
Com isso, a estrutura de um novo
prédio é muito mais esbelta do que
a estrutura de um antigo. Na área
de rodovias, por exemplo, veja a
Imigrantes ‘velha’ e a Imigrantes
‘nova’. Na área de materiais, uma
revolução total. O concreto mudou
violentamente. Antes, um concreto
com 15MPa era de alta resistência.
Hoje, qualquer usina produz concreto
de 50MPa. Evoluímos muito também
em execução. Como falar hoje para
um engenheiro jovem que, até 35
anos atrás, não reaproveitávamos a
forma de concreto. Então, mudamos
conceitos de projeto, os materiais e
a própria execução. Suponha que
um engenheiro ficasse trinta anos
sem entrar em um canteiro de obras.
Certamente, hoje, ele não reconheceria
uma bomba de concreto.
IBRACON
– N
a
sua
gestão
na
P
ró
-
R
eitoria
de
P
ós
-G
raduação
,
foram
criados
os
primeiros
mestrados
profissionais
na
USP. C
omo
esses
mestrados
profissionais
diferenciam
-
se
dos
mestrados
stricto
sensu
? N
ão
há
risco
desta
modalidade
de
mestrado
roubar
gradativamente
alunos
do
mestrado
tradicional
?
V
ahan
A
gopyan
– O mestrado
profissional é também stricto sensu.
Ele orienta o aluno a trabalhar
com problemas específicos reais.
O aluno é, normalmente, um
profissional que traz um problema
de seu dia-a-dia profissional e
que faz pesquisa para resolvê-lo.
Vista da Praça do Relógio da USP tendo de fundo a Antiga Reitoria
CECÍLIA BASTOS