CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 15
era responsável por uma pequena
usina de concreto. Em seguida,
com 27 anos, resolvi fazer doutorado
no exterior.
Fiz carreira acadêmica. Cheguei
a professor titular em 1994.
Nesta época, não existiam muitos
professores titulares na Poli, que
normalmente ocupavam cargos de
chefia de departamento. Quando o
Prof. Antonio Massola se candidatou
a diretor da Escola, em 1998, ele
pediu para eu me candidatar a vice-
diretor. Ele ganhou para diretor e eu
ganhei para vice, em um período no
qual as eleições eram separadas.
E, a partir daí, comecei a exercer
cargos administrativos
na universidade.
IBRACON
– Q
ue
marca
de
gestão
espera
ver
deixada
por
um
engenheiro
na
reitoria
da
USP?
V
ahan
A
gopyan
– Procurarei fazer
uma gestão para aumentar seus
aspectos de produção, execução
e organização, para que seja
proativa, e não apenas reativa.
No momento, ainda há restrições
de recursos financeiros e quanto
à contratação de pessoal. Como
engenheiro, encaro essa dificuldade
como desafio, isto é, conseguir, com
poucos recursos financeiros, atingir
os objetivos dos projetos a executar.
IBRACON
– U
ma
crítica
muito
ouvida
de
alunos
é
que
as
aulas
nas
F
aculdades
de
E
ngenharia
são
muito
teóricas
,
sem
muito
espaço
para
sua
aplicação
a
questões
práticas
. V
ocê
concorda
com
essa
avaliação
?
V
ahan
A
gopyan
– Sim, eu concordo
com essa avaliação. Mas tem que
ser assim. O ensino superior é de
formação, não é para habilitação e
informação, como se faz na escola
técnica. O aluno tem que saber a
base do conhecimento. A parte
prática ele faz fora da universidade.
Isto tem que ser bem compreendido.
Os médicos entendem muito bem
esse processo de formação. Eles se
formam médicos e desenvolvem a
parte prática durante as residências.
Engenheiros em vários países, para
entrar na corporação, são obrigados
a trabalhar de dois a três anos antes
de serem aceitos como engenheiros.
Eu me formei na década de 1970.
Dois anos depois de formado, eu
trabalhava com materiais fibrosos,
que era um tema que não fazia parte
do currículo do curso. Isto porque
os materiais de construção variam.
Não adianta ensinar uma infinidade
de materiais para o aluno - porque
essa é uma área em constante
atualização. O concreto da década
de 1970 não tinha nada a ver com
o concreto da década de 1980.
Por isso, o embasamento teórico é
muito importante na formação dos
engenheiros, pois o aluno aprende
a parte prática fora da universidade.
A universidade não é como uma
escola técnica para ensinar a operar
um equipamento. A universidade
é para formar o profissional
capaz de operar qualquer tipo
de equipamento.
Espaço de convivência na Escola Politécnica da USP
MARCOS SANTOS
O ENSINO SUPERIOR É DE
FORMAÇÃO, NÃO É PARA
HABILITAÇÃO E INFORMAÇÃO,
COMO SE FAZ NA ESCOLA TÉCNICA
“