CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 17
O que me preocupa no Brasil é a
falta de planejamento e de uma
política de médio e longo prazos.
Há países que passam por crises
econômicas, mas nos quais as
equipes de engenharia não são
desmontadas. No Brasil, isso
não acontece. Os escândalos de
corrupção no país não conseguem
separar a empresa do dirigente da
empresa - a instituição em si não
tem culpa pela má conduta de seus
diretores! Não estamos preservando
isto e equipes estão sendo
totalmente desmontadas.
IBRACON
– U
ma
saída
são
os
programas
de
dupla
-
formação
,
como
o
implantado
pelo
senhor
quando
diretor
da
E
scola
P
olitécnica
da
USP?
V
ahan
A
gopyan
– Esses programas
têm como objetivo a integração
das equipes. Havia problemas de
comunicação entre engenheiros
civis e arquitetos nas equipes
multidisciplinares. O melhor jeito
para facilitar a comunicação
era ter um engenheiro civil que
entendesse a linguagem do arquiteto
e um arquiteto que entendesse a
linguagem do engenheiro civil. Esses
alunos com dupla formação fazem
esse meio de campo.
IBRACON
– A
pessoa
não
se
forma
engenheiro
civil
e
arquiteto
?
V
ahan
A
gopyan
– Ela tem a
formação, mas os conselhos não
reconhecem. Ele recebe o diploma
de sua escola de origem e tem
uma apostila dizendo que tem
todas as competências da outra
profissão. Como as competências
são muito similares, não exercer a
outra profissão não afeta muito o
profissional. Mas ele não tem os dois
diplomas. O engenheiro é registrado
no CREA e o arquiteto no Conselho
de Arquitetura e Urbanismo.
IBRACON
– O
que
pretende
fazer
para
que
o
conhecimento
gerado
na
pós
-
graduação
tenha
maior
impacto
e
relevância
social
?
V
ahan
A
gopyan
– Um ponto
importante é entender que a pós-
graduação é a formação das pessoas
que vão fazer desenvolvimento.
Formamos profissionais capazes
de desenvolver a área. A pesquisa
da pós-graduação, para ser
relevante, tem que estar junto com
as empresas. Deve haver esse
incentivo. Vou dar um exemplo.
As fibras de vidro no gesso, tema
de meu doutorado, ganhou o
interesse de um empresário, dez
anos após minha defesa, durante
um evento em que eu participava.
Esse empresário contratou um
instituto de pesquisas tecnológicas
da região e adequou meus estudos
à produção. Quando a empresa
participa do desenvolvimento do
projeto de pesquisa, basta depositar
a patente para o produto estar no
mercado no dia seguinte. Com isso,
A PESQUISA DA
PÓS-GRADUAÇÃO, PARA SER
RELEVANTE, TEM QUE ESTAR
JUNTO COM AS EMPRESAS
“
Vista áerea do Relógio da USP