88 | CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017
corresponde à diminuição de seu aba-
timento, bem como uma maior dificul-
dade de bombeamento, dado que o
material exigirá maiores esforços para
se obter mobilidade para maiores ta-
xas de cisalhamento, sempre que se
aumentar o teor de fibras.
Uma consequência natural des-
se raciocínio é esperar que, quanto
maior for o teor de argamassa, tão
mais fácil será garantir a mobilidade
da mistura. No estudo de Figueiredo
e Ceccato (2015) foi feita a avalia-
ção do efeito do teor de argamassa
na trabalhabilidade do CRF, medida
através do ensaio de abatimento e
tempo Ve-Be, o que pode ser vislum-
brado na Figura 6. No estudo, ape-
nas fibras de aço foram utilizadas.
Percebe-se, pelo gráfico, que, para
um maior teor de argamassa
(α
=
55%), a redução do abatimento com
o aumento do teor de fibras é menos
intensa com o aumento do teor de fi-
bras, considerando-se um abatimen-
to inicial igual ao do concreto com
teor menor de argamassa menor (
α
= 50%). Além disso, o maior teor de
argamassa demonstrou maior facili-
dade de compactação no ensaio Ve-
-Be, demandando menores tempos
de remoldagem.
A perda de mobilidade do CRF
com o aumento do teor ou volume de
fibras também poderá ser minimiza-
do no caso de se diminuir a dimen-
são máxima do agregado graúdo.
Naturalmente, é de se esperar que
agregados de menores dimensões
tenham maior mobilidade entre as fi-
bras do que agregados maiores. Isto
também foi comprovado no estudo
de Figueiredo e Ceccato (2015) que
comparou o efeito do teor de fibras
no abatimento e tempo Ve-Be de dois
concretos de mesmo abatimento ini-
cial, mas com agregados de distintas
dimensões máximas. Nota-se clara-
mente que menores dimensões má-
ximas dos agregados graúdos apre-
sentam menor impacto na perda de
abatimento ou no tempo Ve-Be dos
CRFs. Assim, optar por concretos
mais argamassados e com agregados
de menores diâmetros irá minimizar a
perda de trabalhabilidade gerada pela
incorporação de fibras. No entanto,
deve-se ter em mente que sempre
u
Figura 4
Perfis de cisalhamento dos
concretos em função da
velocidade de rotação
(Alferes Filho
et al.
, 2016)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0
200
400
600
800
1000
Torque (N.m)
Rotação (RPM)
Ref
20kg/m³
80kg/m³
120kg/m³
u
Figura 5
Viscosidade plástica e torque
de escoamento dos concretos
em função do teor de fibras
(Alferes Filho
et al.
, 2016)
R² = 0,9798
R² = 0,9423
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0
20
40
60
80
100
120
Torque de escoamento (N.m)
Viscosidade plástica (N.m.rpm)
Teor de fibras (kg/m³)
Viscosidade plástica
Torque de escoamento
0
2
4
6
8
10
12
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Abatimento (cm)
Volumede fibras(%)
α 50 α 55
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Abatimento (cm)
Volumede fibras (%)
α 50 α 55
u
Figura 6
Efeito do teor de fibras de aço indicado pelo volume relativo no
abatimento (a) e tempo Ve-Be (b) de concretos com teor de argamassa
seca de 50% (
a
50) e 55% (
a
55) (Figueiredo e Ceccato, 2015)
b
a
u
Figura 7
Efeito do teor de fibras de aço indicado pelo volume relativo no
abatimento (a) e tempo Ve-Be (b) de concretos com agregados graúdos
de dimensão máxima de 9,5 mm (a9.5mm) e 19 mm (a19mm)
(Figueiredo e Ceccato, 2015)
0
2
4
6
8
10
12
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Abatimento (cm)
Volumede fibras (%)
a19mm a9.5mm
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Time VeBe (seconds)
Fibervolume (%)
a19mm a9.5mm
a
b