86 | CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017
u
pesquisa e desenvolvimento
Os desafios da avaliação
da trabalhabilidade do
concreto com fibras
ANTONIO DOMINGUES DE FIGUEIREDO
RICARDO DOS SANTOS ALFERES FILHO
D
epartamento
de
E
ngenharia
de
C
onstrução
C
ivil
da
E
scola
P
olitécnica
da
USP
MARCOS ROBERTO CECCATO
T
rima
E
ngenharia
e
C
onsultoria
1. INTRODUÇÃO
É
bem conhecido o fato das
fibras serem adicionadas
ao concreto com a finalida-
de de reforçar a matriz e lhe propi-
ciar um comportamento mais dúctil
(Figueiredo, 2011). O fato da fibra
ser adicionada diretamente na mistu-
ra do concreto gera uma facilitação
do processo construtivo por reduzir
ou mesmo eliminar os serviços as-
sociados ao uso da armadura con-
vencional (montagem e instalação), o
que reduz o tempo de execução das
obras e também a área demandada
para o canteiro (montagem e esto-
cagem de armaduras). Com isso, o
concreto reforçado com fibras (CRF)
passa a ser muito atrativo para várias
aplicações. No entanto, já é sabido
há bom tempo que, apesar de incre-
mentos no comportamento mecâni-
co, as fibras causam uma redução
da mobilidade do material, poden-
do prejudicar sua trabalhabilidade
e, consequentemente, dificultar sua
condição de aplicação (Johnston,
1984). Dessa maneira, o ganho ob-
tido em termos de resistência pós-
-fissuração e de logística para a obra
poderá trazer consigo um efeito cola-
teral de perda de resistência da ma-
triz proporcionada por dificuldades
de compactação.
As dificuldades proporcionadas
pelas fibras em termos de trabalha-
bilidade podem prejudicar inclusive
as condições de mistura. A homoge-
neização da fibra é essencial para o
bom comportamento do material. No
entanto, a homogeneidade pode ser
prejudicada pelas condições de mis-
tura, que devem receber um grau de
atenção maior do que o despendido
para o concreto simples. Um dos
problemas típicos que ocorre nesta
fase é a formação de bolas de fibras,
popularmente conhecidos como “ou-
riços” (Figura 1a). Esses embolamen-
tos podem prejudicar muito a con-
dição de moldagem de elementos,
como é o caso do tubo de concreto
com reforço híbrido ilustrado na Fi-
gura 1b. No caso da bola de fibras
não ser removida, a mesma irá com-
prometer completamente a funciona-
lidade do componente porque pre-
judicará gravemente sua condição
de estanqueidade. Por essa razão,
a mistura deve ser feita de maneira
cuidadosa, adicionando-se a fibra
de maneira contínua. Para evitar
esse problema, há fabricantes que
u
Figura 1
Embolamento de fibras (a) e como ele pode se posicionar na produção
de um tubo com reforço híbrido (b)
a
b