Revista Concreto & Construções - edição 87 - page 90

90 | CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017
variações no posicionamento do lan-
çamento. Além disso, há sempre o
risco de segregação. A segregação
pode ser avaliada visualmente duran-
te o ensaio de espalhamento, como
o exemplo ilustrativo da Figura 10, ou
melhor ainda, pelo ensaio específico
da norma ABNT NBR 15823-6:2010.
A segregação ocorre por algumas ra-
zões. A primeira é pela possibilidade
da pasta e/ou argamassa escoarem
mais facilmente pelas fibras e agre-
gado graúdo, causando uma forte
separação de fases (Romano et al.,
2011). Ela também pode ocorrer no
elemento moldado pelo simples fato
de haver grande diferença de densi-
dade entre a fibra e a matriz e, caso
não haja uma rigidez ao movimento
da matriz em repouso, haverá a ten-
dência de concentração de fibras de
aço no elemento moldado. Por outro
lado, as macrofibras de polipropi-
leno têm densidade inferior à 1 kg/
dm
3
, o que gera um grande risco de
flutuação das mesmas. Em ambos
os casos a dosagem do CRF deve
levar em conta este risco e se deve
utilizar algum recurso para correção
do problema, como é o caso dos
aditivos ampliadores de viscosidade,
por exemplo.
4. COMENTÁRIOS FINAIS
Deve-se ter em mente que o con-
trole do CRF é mais complexo do que
o realizado para o concreto armado.
Do ponto de vista mecânico, o CRF
deve ser controlado avaliando-se
a interação entre fibra e matriz, de
maneira distinta do concreto arma-
do, onde avalia-se separadamente
o concreto em si e o aço. O mesmo
ocorre para o controle da trabalha-
bilidade: as vantagens aplicativas do
CRF vêm acompanhadas de uma ne-
cessidade maior de controle. Isto é
particularmente importante pelo fato
de haver sempre o risco de tentar
melhorar as condições de fluidez do
compósito, aumentando-se a quanti-
dade de água, como ocorre na cor-
reção do abatimento por adição de
um maior volume de água. Isto pode
gerar prejuízos para o concreto em
termos de comportamento mecânico
e durabilidade. O CRF, por sua pecu-
liar propensão à perda de mobilidade
apresenta um risco ainda maior nes-
se aspecto. Portanto, é fundamen-
tal a realização de estudos prévios
de dosagem, onde as condições de
trabalhabilidade e seu controle se-
jam bem parametrizadas (Figueiredo
et al., 2000). A mera adoção de um
teor de fibras adicionado a uma ma-
triz pré-existente não é um procedi-
mento adequado. No caso específico
do concreto autoadensável é muito
interessante utilizar a combinação
de ensaios, como preconizado na
normalização brasileira e internacio-
nal, de modo a se evitar avaliações
muito restritas.
u
Figura 10
Exemplo de segregação de
fibras observável durante o
ensaio de espalhamento
(Alferes Filho
et al.
, 2016)
Concentração
de fibras por
separação
da matriz
[1] ALFERES FILHO, R. S.; MOTEZUKI, F. K.; ROMANO, R. C. O.; PILEGGI, R. G.; FIGUEIREDO, A. D. Evaluating the applicability of rheometry in steel fiber reinforced self
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