CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 87
fornecem fibras de aço coladas em
pentes ou tabletes (Figura 2). Este
sistema de pentes evita o embola-
mento que ocorre já dentro da própria
embalagem da fibra solta. As fibras
formam emaranhados que, quando
adicionada ao concreto, acabam por
se consolidar com a pasta que fica
aderida em sua volta. Portanto, é
recomendado que a fibra solta não
seja lançada de uma única vez na
mistura, mas distribuída progressiva-
mente, o que diminui o risco dos em-
bolamentos. Nesse mesmo sentido,
alguns fabricantes de macrofibras
poliméricas as fornecem em roletes
(Figura 3a) ou trançadas como apare-
ce na Figura 3b. No entanto, mesmo
bem homogeneizada, a fibra reduz a
mobilidade da mistura e pode dificul-
tar as condições de aplicação. Por-
tanto, é importante conhecer como
a fibra afeta o comportamento do
concreto no estado fresco e como se
pode realizar um controle adequado
do material. Assim, este artigo tem
por objetivo apresentar uma análise
do trabalhabilidade do CRF focando
no comportamento e nos procedi-
mentos para controle da produção
do material.
2. O EFEITO DA FIBRA NO
COMPORTAMENTO DO
CONCRETO NO ESTADO FRESCO
O primeiro fato a considerar é
que as fibras não ocupam todo o
volume do concreto. Na verdade,
elas são inseridas no volume de ar-
gamassa que envolve os agregados
graúdos. Ou seja, as fibras acabam
por reforçar a “argamassa” do con-
creto. A mobilidade do concreto de-
pende de um volume de argamassa
tal que garanta um certo afastamen-
to dos agregados graúdos e sua
mobilidade relativa. No entanto, é
usual recomendar que as fibras te-
nham um comprimento que seja,
pelo menos, o dobro da dimensão
máxima do agregado graúdo (Maidl,
1991). Com isso se potencializaria o
poder de costura das fissuras que
poderão vir a ocorrer no concreto
(Figueiredo, 2011). No entanto, isto
significará que os agregados terão
que se mover relativamente “forçan-
do a passagem” pelas fibras presen-
tes na argamassa. Logo, as fibras
poderão prejudicar a mobilidade
da mistura, dificultando a mobilida-
de relativa dos agregados graúdos.
Nesse sentido, quanto maior o teor
de fibras, tanto maior será a dificul-
dade de mobilidade relativa entre
os agregados.
No estudo desenvolvido por Alferes
Filho et al. (2016) foi variado o teor de
fibras para o reforço de um concreto
autoadensável. O material foi avaliado
através de ensaios realizados com um
reômetro rotacional, o que permitiu ge-
rar os perfis de cisalhamento constan-
tes da Figura 4. A partir dessas curvas
foi possível obter uma avaliação do
torque de escoamento e da taxa de
aumento de torque com o aumento da
tensão de cisalhamento, que corres-
ponderiam, respectivamente, à tensão
de escoamento e à viscosidade plásti-
ca do material, considerando-o como
um fluído de Bingham (Romano et al.,
2011). A partir dos resultados, foi pos-
sível correlacionar o torque de escoa-
mento e a viscosidade relativa com o
teor de fibras o que está apresentado
na Figura 5. Isto implica uma perda de
mobilidade inicial do material, o que
u
Figura 2
Fibras de aço longas (a) e curtas (b) fornecidas em pente
a
b
u
Figura 3
Macrofibras poliméricas fornecidas em roletes (a) e trançadas (b)
a
b