Revista Concreto & Construções - edição 83 - page 56

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composição química e proporção de
cimento/agregados usada durante a
execução da obra), resultou em ta-
xas de expansão mais baixas quando
expostas a temperaturas mais eleva-
das. Tal fato levou a se adotar uma
curva de interpolações dos pontos
de máximos das curvas de expan-
são, levando a um maior empenho
estatístico-matemático, admitindo-
-se que, a partir dessas expansões
máximas, não serão medidos valores
superiores ao longo do tempo
de exposição.
É importante levar em consideração
que no desenvolvimento de um mé-
todo padrão é imprescindível que se
minimize a aleatoriedade no critério
de amostragem.
Em 2011, ficou provado que a
expansão de todas as amostras
expostas a diferentes temperatu-
ras permitiu a caracterização do ní-
vel de estabilização (minimizando a
taxa de expansão). Em função disso,
realizou-se uma análise físico-mate-
mática, de modo a complementar os
modelos de regressão matemática e
determinar o tempo esperado para
que a expansão da estrutura da pon-
te cesse.
5. ANÁLISE DOS DADOS
OBTIDOS DOS TESTEMUNHOS
DE CONCRETO
Considerando que o procedimen-
to utilizado para a realização dos
ensaios é inovador, não tendo ainda
sido padronizado em Norma Técnica,
o objetivo foi fazer a interpretação dos
resultados obtidos nos ensaios, base-
ada em uma análise de regressão que
mostrasse a tendência do comporta-
mento expansivo à condição de tem-
peratura média de 21º C.
Os valores de deformação unitá-
ria, obtidos das amostras, indicaram
um crescimento desacelerado numa
primeira fase, seguida por uma esta-
bilização e posterior queda. Um pos-
sível modelo para representar o com-
portamento descrito é o da curva de
Gauss, a exemplo do usado para
representar a hidratação de sistemas
cimentícios conforme Riding, Kyle A.
et al (2012).
O modelo assumido foi dado pela
equação:
[1]
Nessa equação,
e
” é a deformação unitária calculada
por regressão;
e
max
” é a máxima deformação unitá-
ria calculada;
“e“ é o número de Euler, igual a
2,71828;
”t” é o tempo decorrido até se obter
a deformação unitária considerada;
”t´” é o tempo decorrido até se obter
a deformação unitária máxima.
Uma vez encontrada a função que
seja representativa do comportamento
observado, seria possível estimar a du-
ração do fenômeno para diversos ce-
nários, tanto para a temperatura média
da região de 22,3ºC quanto para tem-
peraturas superiores ou inferiores.
O procedimento apresentado
aponta a ocorrência de erro em cer-
ca de 10% dos casos. Essa expecta-
tiva pode se alterar ligeiramente em
função da dispersão de resultados,
uma vez que os testemunhos foram
extraídos de regiões da estrutura
submetidas a diferentes estados de
tensão normal de compressão, níveis
de insolação (que afetam a tempera-
tura) e grau de umidade.
A equação foi, então, aplicada ao
caso estudado, para as temperaturas
de ensaio de 23°C, 38°C e 50°C. Em-
bora tenha ocorrido certa dispersão,
ocasionada pela complexidade da rea-
lização dos ensaios, em condições de
temperatura controlada, ao longo de
muitos meses, notou-se a ocorrência
de diversos ciclos de expansão em
cada corpo de prova. Esse compor-
tamento é compatível com as carac-
terísticas da reação álcali-agregado,
uma vez que a formação de fissuras
aumenta a facilidade do ataque e alte-
ra qualitativamente as expansões.
De acordo com o que mostra-
ram os resultados dos ensaios, e
sendo coerente com a metodologia
proposta, conclui-se que as taxas
de expansão apresentam tendência
de redução. Supondo temperatura
constante de 21°C na região onde a
ponte foi construída, a estimativa do
valor máximo das deformações por
expansão foi obtido dentro de 720
dias, após o início dos ensaios.
O tempo calculado assemelhou-
-se ao observado nas medições du-
rante a monitoração da estrutura.
6. SUGESTÃO DE METODOLOGIA
DE ENSAIO
Tendo em vista as dificuldades
verificadas em se estimar o tempo de
estabilização das taxas de expansão
decorrentes da RAA e os custos de
manutenção satisfatória das estrutu-
ras, os autores propuseram, basea-
dos nos resultados obtidos, uma me-
todologia para avaliações do tempo
como se segue.
6.1 Objetivo
Este procedimento contempla a
1...,46,47,48,49,50,51,52,53,54,55 57,58,59,60,61,62,63,64,65,66,...100
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