Revista Concreto & Construções - edição 83 - page 39

CONCRETO & Construções | 39
u
mercado nacional
A evolução da cultura
da prevenção da reação
álcali-agregado no
mercado nacional
1. INTRODUÇÃO
N
o Brasil acreditava-se que
a reação álcali-agregado
(RAA) era um fenômeno li-
gado a obras hidraúlicas e as iniciativas
para sua prevenção se restringiam a
esses tipos de obras.
Atualmente, a adoção de medidas
sistemáticas de prevenção nas obras
em geral vem evitando a ocorrência
de manifestações patológicas dessa
natureza, pois com o avanço do co-
nhecimento foram relatados casos em
vários outros tipos de obras. Consti-
tuem exemplos clássicos de prevenção
as ações tomadas nas barragens de
Jupiá (concluída em 1963), Água Ver-
melha (construída entre 1975 e 1979),
Salto Osório (construída entre 1971 e
1975), Tucuruí, Itaipu, dentre outras,
onde foram utilizados materiais pozolâ-
nicos para inibir a expansão com o uso
local de agregados reativos. Entretanto,
a partir de 1985, o meio técnico brasi-
leiro tomou conhecimento da ocorrên-
cia desse fenômeno nas barragens de
Moxotó e Joanes II, ambas localizadas
na Região Nordeste, por reunirem as
condições que favoreceram a reação
e pelo desconhecimento até então da
natureza do agregado reativo utilizado,
o que motivou novas investigações.
Outro fato marcante foi a cons-
tatação dos primeiros casos de re-
ação álcali-agregado em fundações
de edifícios na região metropolitana
da Grande Recife/PE, decorrente do
interesse gerado na inspeção das fun-
dações de diversos edifícios habita-
cionais após a queda do Edifício Areia
Branca, em 2004. Cumpre esclarecer
que as causas do desabamento des-
se edifício foram devidamente apura-
das e nada se constatou que pudesse
apontar possibilidade de ocorrência
de reação álcali-agregado. No entan-
to, a inspeção das fundações de ou-
tros edifícios permitiu a verificação da
existência de fissuração dos blocos
de coroação de estacas ou de sapa-
tas corridas. A análise acurada dessas
ocorrências, a partir de testemunhos
de concreto extraídos dos elementos
de fundação, mostrou tratar-se efeti-
vamente de reação álcali-agregado e
somente nos laboratórios da ABCP
foram investigados mais de 60 casos
dessa região.
Contudo, não se tem notícia de
casos onde os efeitos da reação tenham
levado à perda de segurança no uso
das construções; mas, sim, à neces-
sidade de manutenção corretiva, que,
em qualquer situação, é mais onerosa
do que a prevenção do fenômeno. Na
oportunidade, o IBRACON cumpriu seu
papel de disseminar o conhecimento,
reunindo, dentre seus associados, um
grupo de especialistas que elaboraram
dois textos: um, dirigido à mídia não
especializada e de grande penetração,
procurando conscientizar a população
afetada contra notícias alarmantes de
colapso das edificações; outro, dirigi-
do a especialistas, incluiu comentários
técnicos que foram divulgados inten-
samente pelos meios de comunicação
do IBRACON.
No Brasil, atualmente, a tecnologia
de avaliação e prevenção da reação
álcali-agregado é dominada por alguns
centros de pesquisas, destacando-se
os ligados às empresas geradoras de
energia elétrica, institutos públicos, al-
gumas universidades e centros de pes-
quisa e laboratórios da iniciativa priva-
da. Popularizar esse conhecimento tem
ARNALDO BATTAGIN • ANA LÍVIA SILVEIRA • FLAVIO MUNHOZ • INÊS BATTAGIN
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(ABCP)
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