CONCRETO & Construções | 45
recomendações a serem publicadas
pelo CT303.
Além da caracterização do mate-
rial, a determinação do teor de fibra
incorporado ao concreto é funda-
mental. Isto já foi analisado para o
caso do estado endurecido (KALIL et
al., 2010), mas precisa receber aten-
ção para o caso do estado fresco.
5. COMENTÁRIOS FINAIS
Há uma tendência internacional
de busca de consenso e de emba-
samento técnico científico que po-
tencializem o uso do CRF como ma-
terial estrutural. Esta tendência está
muito direcionada ao novo
fib Model
Code 2010
(FIB, 2013) e irá permear
as mais distintas aplicações do CRF
seja qual for o tipo de fibra utiliza-
do. Assim, será possível minimizar
o grau de desconfiança que o meio
técnico tem para esta aplicação e
possibilitar um incremento nas pos-
sibilidades de aplicação em pavi-
mentos e outros tipos de estruturas.
Vale ressaltar que qualquer apli-
cação estrutural do CRF exige um
nível de controle de qualidade mí-
nimo. O nível do rigor irá depender
do maior ou menor nível de respon-
sabilidade estrutural, sem dúvida.
Mas não é aceitável a aplicação do
CRF sem qualquer controle. Para o
pavimento, é fundamental que haja
um estudo prévio de dosagem que
garanta que o reforço de fibras seja
suficiente para atender às exigên-
cias de resistência pós-fissuração.
Neste caso, ensaios mais sofistica-
dos podem ser de grande valia para
otimização do dimensionamento do
reforço e, assim, minimização de
custos associados à produção do
material. No entanto, parece razo-
ável conceber um sistema de con-
trole simples no qual se verificaria a
qualidade da matriz a partir de um
ensaio de caracterização mecânica
(como é o caso da determinação
da resistência à tração na flexão)
em conjunto com a execução de
um ensaio de controle do teor de
fibras efetivamente incorporadas
na matriz. Esse poderia ser consi-
derado um nível mínimo de contro-
le para pavimentos de menor res-
ponsabilidade estrutural. Por outro
lado, o aumento do nível de rigor
nesse processo de controle poderia
ser obtido através da realização do
ensaio Barcelona, sem tantas difi-
culdades como as existentes nos
ensaios de tenacidade à flexão.
Dessa maneira, nos trabalhos do
comitê CT303 deverão ser aborda-
dos temas muito importantes para
especificação do CRF. Nessa es-
pecificação, se houver a adoção da
filosofia empregada pelo
fib Model
Code 2010
(FIB, 2013), o que é já
uma tendência demonstrada pela
ABECE, haverá uma maior probabi-
lidade de êxito. Essa especificação
irá depender também da definição
de métodos de ensaio confiáveis,
que possam avaliar as resistências
residuais no ELS e ELU, o que impli-
ca dizer que não deve haver instabi-
lidade na fase pós-pico prejudican-
do a medida da resistência residual
para baixos níveis de abertura de
fissura, o que é um problema preo-
cupante há bom tempo. Finalmente,
deverá se procurar qualificar o meio
técnico nacional, especialmente os
laboratórios de controle, de modo
a garantir suporte adequado para o
uso do CRF como material estrutural
confiável.
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