Revista Concreto & Construções - edição 81 - page 41

CONCRETO & Construções | 41
u
estruturas em detalhes
Perspectivas para o uso
do concreto com fibras
para pavimentos
1. INTRODUÇÃO
A
evolução do concre-
to reforçado com fibras
(CRF) no Brasil ainda está
aquém do nível técnico das aplica-
ções observadas em outros países.
Na Europa, o CRF já é utilizado há
algum tempo para lajes ou pavimen-
tos elevados tendo as fibras como
único material de reforço. No Brasil,
a principal aplicação ainda são os
pavimentos industriais apoiados em
solo. Esta solução é sempre vincu-
lada de alguma forma às facilidades
executivas que o uso do CRF pos-
sibilita, como o fato de dispensar o
processo de instalação da armadura
convencional. Além disso, o uso do
CRF permite a entrada de caminhões
betoneira para o lançamento direto
do concreto no local de aplicação.
Um problema frequente relacio-
nado ao uso do CRF para pavimen-
tos está no controle reduzido ou
nulo das características estruturais
do material. Apesar do reduzido ní-
vel de demanda estrutural dos pa-
vimentos, a ausência de estudos
de dosagem e do controle regular
das características do CRF gera um
caráter empírico à aplicação. Parte
desse problema está vinculada ao
restrito número de laboratórios ca-
pacitados para a realização de en-
saios específicos de caracterização
do CRF. Outro problema é a carên-
cia de normas nacionais focando o
CRF. Nesta situação, as inovações
obtidas recentemente se restringem
à disponibilização de novas fibras
no mercado. Mesmo assim, devido
à insuficiência de controle tecnoló-
gico, as novidades que surgem vêm
acompanhadas de dúvidas quanto
ao seu real desempenho estrutural.
No sentido de mitigar este pro-
blema, ocorreu recentemente a
instalação de um Comitê Técnico
CT303 IBRACON/ABECE: Uso de
Materiais não convencionais para
Estruturas de Concreto, Fibras e
Concreto Reforçado com Fibras
.
Este comitê foi iniciado pela ABE-
CE (Associação Brasileira de Enge-
nharia e Consultoria Estrutural) que
publicou uma recomendação de
projeto para aplicações estruturais.
Esta recomendação foi baseada nas
novas propostas do Código Modelo
fib
2010 (FIB, 2013), que traz uma
concepção que possibilita maior fle-
xibilidade aos projetistas no dimen-
sionamento de qualquer elemento
estrutural com o uso do CRF. No
entanto, isto vem atrelado, necessa-
riamente, a um maior rigor no nível
de controle de qualidade do material
estrutural.
2. NOVO CÓDIGO MODELO
fib
Na concepção do Código Modelo
fib
2010 (FIB, 2013) o foco de análise
do comportamento básico do CRF
está na capacidade de absorção de
esforços pós-fissuração. São previs-
tos dois tipos de comportamento bá-
sico. No primeiro, chamado de amo-
lecimento ou
softening
, associado a
um volume de fibras abaixo do volu-
me crítico, a resistência pós-fissura-
ção do material é inferior à resistên-
cia da matriz. Por consequência, a
capacidade de absorção de esforços
diminui com a fissuração da matriz e
o aumento da abertura da fissura (Fi-
gura 1a). Nesta condição ocorre ape-
nas uma fissura no compósito uma
vez que a tensão no material diminui
com o seu surgimento e ampliação.
O outro comportamento previsto é
aquele em que o material apresenta
uma resistência pós-fissuração su-
perior à da matriz, (Figura 1b). Esta
ANTONIO DOMINGUES DE FIGUEIREDO
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