Revista Concreto & Construções - edição 81 - page 31

CONCRETO & Construções | 31
2.6 Concreto de
retração compensada
O piso de concreto com retração
compensada teve seu início na déca-
da de 1960, com o desenvolvimento
por A. Klein de um clínquer expansi-
vo, que, na fase de hidratação, gerava
quantidade expressiva de etringita. O
cimento obtido a partir desse clínquer
recebeu o nome de cimento tipo K e o
concreto ficou conhecido como con-
creto de retração compensada, mais
conhecido por SCC (sigla em inglês,
shrinkage-compensating concrete
),
tendo tido larga aplicação nos EUA.
Hoje, como produção do cimento
tipo K está bastante restrita, tendo sido
substituído por adições expansivas,
notadamente à base de sulfoalumina-
tos ou óxido de cálcio (supercalcina-
do), este produzido em temperaturas
ao redor de 1500
o
C, dosadas no con-
creto em teores de 10 a 20 kg/m³.
Empregada na Argentina há mais
de uma década, só agora a solução
chega ao Brasil. O conceito do sistema
é que o concreto expanda de modo a
compensar parcial ou totalmente a re-
tração; entretanto, a expansão ocorre
muito rapidamente, em dias, enquanto
que a retração se desenvolve ao longo
vários de meses (Figura 4).
Portanto, é necessário “arma-
zenar” a energia de expansão, para
que ela possa ser liberada à medida
que a retração ocorra. Esse efeito é
conseguido com a colocação de bar-
ras de aço, que irão alongar-se pela
força de expansão, induzindo nas
barras tensão de tração, que é deno-
minada protensão química.
À medida que o concreto retrai, ge-
rando tensão de tração no concreto,
que é compensada pela protensão quí-
mica que é aplicada nas barras, inibindo
a fissuração. Dependendo do poder de
expansão da adição e do teor empre-
gado (Figura 5), ocorrerá uma tensão
residual nas barras, após a retração,
que pode ser utilizada estruturalmente.
O ensaio de expansão, que serve
como balizamento para dimensiona-
mento do piso, é feito com restrição ao
deslocamento, promovida por barra
de aço posicionada no eixo do corpo
de prova prismático. Portanto, quando
compara-se o ensaio de retração (que
é livre) com o de expansão, que é res-
tringido, tem-se que ter em mente que
os corpos de prova estão submetidos
a condições de ensaio diferentes.
Embora tradicionalmente o sis-
tema SCC tenha sido desenvolvido
com o emprego de barras de aço (Fi-
gura 6), posicionadas a meia altura
ou a 1/3 da superfície, existem ex-
periências bem sucedidas com fibras
de aço e até mesmo com macrofibras
poliméricas. Nestes casos, o expan-
sor é empregado apenas para reduzir
ou eliminar a retração do concreto.
Embora novo no Brasil, o sistema
já apresenta alguns bons exemplos
que atestam a sua viabilidade. Alguns
desses projetos foram feitos para de-
senvolvimento do sistema e vêm sen-
do monitorados; a Argentina é rica em
exemplos de sucesso empregando
sistema com barras de aço.
u
Figura 5
Exemplo de variação da expansão restringida com a dosagem
u
Figura 4
Curvas conceituais de expansão (restringida) e retração do concreto
1...,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30 32,33,34,35,36,37,38,39,40,41,...116
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