CONCRETO & Construções | 75
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estruturas em detalhes
Modelo generalizado para
dimensionamento à flexão
segundo as mudanças da
ABNT NBR:6118
1. INTRODUÇÃO
A
norma brasileira de projeto
de estruturas de concreto,
ABNT NBR:6118, até sua
edição de 2007 [1], aplicava-se a es-
truturas executadas com concretos
pertencentes ao grupo I de resistên-
cias (C10 a C50), de acordo com a
classificação da ABNT NBR:8953 [2].
A consideração desse grupo de resis-
tências devia-se ao fato de os con-
cretos de classes acima de C50 não
serem muito utilizados em obras co-
muns, por questões de produção
ou
mesmo por o seu uso não compen-
sar economicamente, devido ao porte
da obra.
Com o avanço da tecnologia do
concreto e a disseminação do uso de
concreto dosado em central, a utiliza-
ção de concretos com resistência ele-
vada se tornou cada vez maior. Essa
mudança na preferência das constru-
toras trouxe a necessidade da consi-
deração de resistências maiores que
50 MPa, por parte dos projetistas,
no dimensionamento dos elementos
estruturais. Isso exigiu, então, a atu-
alização dos códigos brasileiros que
normalizam as construções em con-
creto, principalmente das normas que
regulamentam os projetos estruturais.
Assim, a edição de 2014 da ABNT
NBR:6118 [3], passou a abranger
concretos do grupo II de resistências
(C55 a C90), de forma a servir como
base para o processo de dimensiona-
mento e verificação de estruturas que
usam concretos com resistências até
90 MPa.
Entretanto, as equações que a
norma de projeto [3] traz para carac-
terizar as propriedades dos concretos
de classes a partir de C55 diferem
daquelas utilizadas para os de classe
até C50, visto que o comportamen-
to daqueles não obedece às mesmas
leis matemáticas dos pertencentes
ao grupo I de resistências. Assim, a
ABNT NBR:6118 [3] propõe fórmulas
diferentes para a resistência média à
tração (f
ct,m
), módulo de deformação
tangente inicial (E
ci
), tensão de com-
pressão (
s
c
), deformações específi-
cas (
e
c2
e
e
cu
) e coeficiente de fluência
(
ϕ
(t
∞
,t
0
)) do concreto, de acordo com
a classe e o grupo de resistências
considerados. Os valores dessas va-
riáveis influenciam diretamente no di-
mensionamento de peças estruturais
submetidas à flexão, principalmente
para aquelas que se encontram no
Domínio 2, onde a tensão de com-
pressão no concreto é inferior à ten-
são última (
a
c
f
cd
), dada pela norma [3]
quando se considera o diagrama re-
tangular simplificado de tensões.
Porém, os roteiros de cálculo até
então ensinados nos livros-texto de
dimensionamento só consideravam os
valores dados pela ABNT NBR:6118
[1] para concretos de classes C20 a
C50, não sendo válidos para os de
classe C55 até C90. Então, viu-se a
necessidade de desenvolver um mo-
delo generalizado de cálculo, que
pudesse ser utilizado para concretos
com resistências de 20 a 90 MPa, de
forma a atender às exigências dadas
pela nova edição dessa norma.
Com isso, o objetivo deste traba-
lho é propor um modelo para o cál-
culo, à mão, da armadura de flexão,
que possa ser utilizado com concre-
tos dos grupos I e II de resistências,
considerando as variações da tensão
s
c
no concreto, para os diferentes
RICARDO JOSÉ CARVALHO SILVA – P
rofessor
D
outor
, CARLOS VALBSON DOS SANTOS ARAÚJO – A
luno
G
raduação
,
ÉSIO MAGALHÃES FEITOSA LIMA – A
luno
G
raduação
U
niversidade
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V
ale
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