66 | CONCRETO & Construções
u
57º CBC
com a inclusão de mais fatores, como a
idade do concreto e o ambiente no qual
está inserido, para que seja usado como
parâmetro de controle e previsão da vida
útil da estrutura.
Segundo a pesquisadora, para sair
dos modelos teóricos e dos ensaios de
laboratório para a realidade necessita-se
de ensaios continuados das estruturas
em condições reais e de um maior tempo
para a calibração dos modelos propostos.
A despeito disso, alguns deles já estão
contemplados em normas técnicas, como
o fib Model Code 2010, apesar de suas
inconsistências e limitações.
Odd Gjorv, professor da Universidade
Norueguesa de Ciência e Tecnologia, tem
larga experiência em consultoria de pro-
jeto, construção e recuperação de obras
marítimas, principalmente as plataformas
de concreto para a extração de petróleo
e gás em alto-mar, uma das principais ati-
vidades econômicas de seu país. O pro-
fessor concordou com Carmen Andrade
ao afirmar que os problemas atuais de
durabilidade advêm de uma baixa qua-
lidade construtiva alcançada nas obras,
expressa na dispersão e variabilidade no
atendimento dos critérios prescritivos de
projeto. Especificamente em relação às
estruturas em ambientes severos, como
as obras em alto-mar, nem mesmo o
controle de qualidade mais rigoroso tem
evitado o principal fator relacionado à
durabilidade dessas obras, o ingresso
não controlado de cloretos, causa para a
corrosão das armaduras contidas nessas
estruturas. O resultado, segundo o pales-
trante, é que muitos proprietários de obras
de infraestrutura em concreto têm visto
em anos recentes um aumento significati-
vo e rápido nos gastos do orçamento com
reparos e manutenção.
Tal como Andrade, Gjorv defende que
a abordagem probabilística dos requeri-
mentos prescritivos no projeto de estru-
turas de concreto, onde a variabilidade e
dispersão no atendimento a esses reque-
rimentos no momento da construção são
previstos e compensados, de maneira a
se assumir margens de erros seguras,
tem se mostrado limitada. Ela deve ser
complementada por uma outra aborda-
gem, na qual os requerimentos são espe-
cificados com base no desempenho da
estrutura, de modo que possam ser ve-
rificados e controlados, tanto durante sua
construção quanto durante sua operação.
Por isso, segundo o consultor, todos os
requerimentos mínimos especificados
nas normas e códigos construtivos, bem
como as recomendações e as orienta-
ções para as boas práticas construtivas,
devem ser estritamente atendidos nos
projetos, mas a eles devem ser adiciona-
dos novas especificações que, baseadas
no avanço recente do conhecimento dos
mecanismos de deterioração das estrutu-
ras de concreto, possam ser medidas ao
longo do tempo, para que se tomem as
medidas necessárias para assegurar a du-
rabilidade da estrutura. Essa nova aborda-
gem do projeto é importante não apenas
para diminuir os custos da manutenção
das obras ao longo de sua vida útil, mas
também para minimizar seu impacto am-
biental, aumentando sua sustentabilidade.
Três foram os parâmetros especifi-
cados pelo palestrante para se garantir a
durabilidade e maior vida útil das obras
de concreto para além do que é atual-
mente especificado pelas normas e có-
digos vigentes:
u
Especificações de projeto que pos-
sam ver verificadas e controladas,
para assegurar a qualidade durante
e no final da construção: ele ilustrou
que, com base na lei de difusão de
cloretos e num modelo de simulação
que leva em conta o período de tem-
po em serviço, para um dado tipo de
estrutura inserida num dado ambiente,
antes que a probabilidade de corrosão
do aço ultrapasse 10%, é possível es-
pecificar critérios de qualidade do con-
creto e da cobertura das armaduras
para se garantir determinada vida útil;
u
Documentação que ateste que as
especificações de durabilidade foram
devidamente atendidas e que a qua-
lidade requerida da construção foi
obtida: como consequência do exem-
Prof. Odd Gjorv em sua apresentação no Simpósio de Durabilidade,
com auditório lotado