72 | CONCRETO & Construções
u
57º CBC
J
avier Oliver, pesquisador no
International Center for Nu-
merical Methods in Enginee-
ring
(Cimne) e professor na Universida-
de Técnica da Catalunha, na Espanha,
expôs em sua palestra no Simpósio de
Modelagem Computacional do Con-
creto e das Estruturas de Concreto,
evento paralelo ao 57º Congresso Bra-
sileiro do Concreto, ocorrido de 27 a
30 de outubro, em Bonito, as tendên-
cias passadas, presentes e futuras na
modelagem computacional da fissu-
ração no concreto. Sua apresentação
foi divida em três partes: simulação
numérica da fissuração no concreto;
abordagem mecânica da modelagem
do concreto; e o futuro do concreto
em termos de modelagem.
Segundo ele, a simulação do com-
portamento do concreto é ainda um de-
safio porque o concreto é um material
compósito (com diferentes componen-
tes em interação), com instabilidade não
linear no que diz respeito à fissuração
por carregamento (por conta da des-
continuidade de resistência no concreto
em função de sua não homogeneidade
em variadas escalas de observação) e,
com isso, com um comportamento de
tensão/deformação não simétrico (o que
requer uma abordagem mecânica com-
plexa), que apresenta fissuração em va-
riadas escalas (aumentando os custos e
a robustez das análises computacionais)
e com efeitos dependentes do tempo
(mais um complicador na modelagem
do concreto).
Em relação aos modelos numé-
ricos da fissuração do concreto, ele
mostrou as aplicações e limitações
das abordagens computacionais
das fraturas no concreto e as estra-
tégias de modelagem dos caminhos
da fissuração no concreto. Quanto às
abordagens mecânicas do problema,
Oliver apontou as vantagens e des-
vantagens dos modelos que conside-
ram o concreto armado como feixes
de filamentos de concreto e de aço,
dos modelos que veem o concreto ar-
mado como um material compósito,
formado por uma matriz de argamas-
sa e por uma seção de armaduras de
aço, dos modelos que postulam ser o
concreto reforçado com fibras dotado
de uma microestrutura contínua e, por
fim, da modelagem computacional do
concreto em múltiplas escalas, onde
a ferramenta dos elementos finitos é
aplicada em cada escala considerada
para a modelagem.
Para o palestrante a modelagem do
comportamento estrutural do concreto
tem o potencial de no futuro possibi-
litar a engenharia de novos materiais
baseados em materiais cimentícios,
com propriedades não encontradas
nos materiais da natureza (metama-
teriais), e pode se constituir em ferra-
menta computacional poderosa para
projetar estruturas com maior resistên-
cia mecânica e com menor consumo
de concreto.
Por outro lado, o professor da
Northwestern University,
dos Estados
Unidos, Gianluca Cusatis, abordou a
modelagem computacional aplicada
aos fenômenos de envelhecimento e
deterioração do concreto. Esses fenô-
menos têm sido responsáveis, segun-
do o palestrante, por uma em cada
nove pontes nos Estados Unidos ser
classificada como estruturalmente de-
ficiente, sendo a idade média dessas
pontes de 42 anos, o que mostra a
importância de se entender e se con-
trolar tais fenômenos.
Para isso, Cusatis propôs um pro-
cedimento em três estágios:
u
Aprender com o passado: levan-
tamento das informações relativas
à estrutura no que diz respeito às
suas especificações de projeto, de
dosagem do concreto e histórico
de dados de monitoramento e de
manutenções;
Avanços na modelagem do
comportamento do concreto
Prof. Javier Oliver em sua
apresentação no 57º CBC